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terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Somos mais que números

A busca constante pela informação, obriga-me a assistir e a ler tudo que posso. Hoje (18-12-2007) eu cumpria minha obrigação profissional assistindo ao "Bom dia, Brasil" da TV Globo, quando assisti a uma reportagem que demonstra o quanto estamos nos afastando de nossa humanidade, esquecendo o fator humano e nos prendendo somente a números.
Os apresentadores chamaram reportagem do correspondente da emissora em Nova Iorque e o rapaz disparou a apresentar dados numéricos: "O comércio dos EUA apresentaram queda de vendas nesse Natal se comparadas ao ano anterior. Enquanto isso, as vendas via Internet aumentaram 22% no mesmo período. Será o prenúncio do fim do comércio convencional?" (Obviamente, não estou transcrevendo ipsis literis o que disse o repórter).
E mais não disse, nada lhe foi perguntado e não houve nenhum comentário dos apresentadores.
Enquanto amarrava os cadarços do tênis e me preparava para mais um dia de trabalho, fiquei pensando nos milhares de atendentes das lojas comerciais que podem perder seus empregos. Nos milhões de pessoas que deixarão de ter o contato humano com os balconistas de todo o mundo. De quantos namoros começaram numa simples ida a uma loja. Das discussões entre casais premidos entre os desejos e a realidade fria da condição econômica.
Enfim, fiquei pensando no distanciamento ainda maior entre os seres humanos que a supremacia do comércio virtual pode causar.
Fiquei pensando no contato humano, dos timbres, dos sons, da entonação que dão o verdadeiro sentido aos diálogos (por mais triviais que sejam).
Senti-me um dinossauro. Um sonhador lutando contra moinhos de vento, enquanto os números vão sendo repetidos à minha volta, sem levar em conta que somos mais que números, somos seres humanos.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Demos e tucanos afrontam o povo!

A imprensa comprometida com interesses de multinacionais e jogadas debaixo dos panos não tem pudor em ofender a inteligência dos brasileiros.Hoje, os jornais estampam duas manchetes, mas não fazem a ligação entre elas. A primeira é "Governo Lula sofre a sua maior derrota e CPMF cai". A outra "Cresce aprovação do Governo".Esse mesmo Senado que já afrontara o povo brasileiro absolvendo Renan Calheiros há poucos dias, agora repete a dose, tentando inviabilizar o Governo popular do primeiro presidente operário do Brasil.Vejam bem, enquanto a aprovação do governo atinge 65% (apesar dos constantes ataques que vem sofrendo da grande imprensa) essa quadrilha tenta barrar as conquistas sociais da população mais carente.O objetivo de demos e tucanos é impedir o prosseguimento de programas sociais como o Bolsa Família e o Luz para todos. É jogar de novo na linha abaixo da pobreza todas as famílias beneficiadas pela lucidez e sensibilidade de Lula.A militância petista tem o dever de sair às ruas e denunciar este fato nas universidades, colégios, associações de moradores, ONGs, bares e onde o povo estiver.A relação dos canalhas está estampada nos jornais de hoje. É guardá-la e exibi-la nas eleições do ano que vem e de 2010.Os demos estabeleceram uma luta de classes neste país. É hora de escolher, definitivamente, de que lado estamos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Renan

O Senado cometeu um atentado contra sua própria história ontem ao absolver por 48 votos a 29 o Senador Renan Calheiros. Com isso, está comprovada a tese de que no Brasil só são condenados os ladrões de galinha, os negros, os favelados e os desamparados.
As provas contra Renan são tão evidentes, que chocam pela desfaçatez com que ainda proclama sua inocência. Vejam:
Caso Mônica Veloso: a pensão para a filha da aventura extraconjugal com a jornalista foi paga por um lobista da empreiteira Mendes Junior e Renan ainda usou empresas de fachadas para justificar de onde vinha a grana.
Caso Schincariol: o Senador teria influenciado para que não fosse cobrada dívida de R$ 100 milhões da empresa com o INSS. Em troca, a empresa teria comprado fábrica da família do Senador por R$ 27 milhões, quando esta não valeria, sequer, R$ 10 milhões.
Caso dos laranjas: o usineiro João Lyra confirmou que Renan era seu sócio oculto nas operações de compra de empresas de comunicação de Alagoas.
Caso dos Ministérios: a acusação é do empresário Bruno Lins, que teria pago propina de R$ 3 milhões a pedido de Renan no que ele chamou de esquema de arrecadação de dinheiro em ministérios do PMDB.
Caso da espionagem: esquema de espionagem armado por assessor de Renan contra os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO), ambos a favor de sua cassação.
Renan está livre, leve e solto para continuar a garimpar mariposas atraídas pelo poder e exibir sua força. Um poder que, vale lembrar, que lhe foi dado pelo povo para atuar em sua defesa (do povo, obviamente).

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Era apenas uma nuvem?

A falta de tempo é o grande problema do homem moderno.
Falta tempo para estudar, se aprimorar, lembrar do aniversário do amigo, levar os filhos para passear, ler aquele livro que até já saiu de moda, assistir aquele filme que todo mundo diz que é o máximo, enfim se reciclar, se divertir, viver!
E, de repente não mais que de repente, o homem moderno percebe que a mulher amada envelheceu, ganhou rugas, perdeu o viço e se distanciou dele de uma maneira sutil e incontornável, apesar de ainda viver com ele.
Os filhos cresceram, já são adultos e trilham seus próprios caminhos e já não querem ser levados a passeios, mas querem ver no pai um parceiro para projetos futuros.
Os amigos mudaram tanto, mas tanto que ele quase não os reconhece.
Os livros permanecem na estante (aqueles que ele comprou e não leu) e há outros a comprar, mas cadê tempo pra ler?
Os filmes que ele perdeu já saíram de cartaz. Comprou alguns em DVD, mas não é a mesma coisa, falta o calor humano das salas de exibição.
E aí o homem moderno, que resolveu, finalmente, tirar férias para fazer um balanço, percebe que não vai recuperar o tempo perdido.
Sozinho no jardim de sua casa (os filhos saíram para trabalhar e a esposa está participando de um congresso sobre OVNIs) ele continua olhando para o céu onde as nuvens parecem ser sempre as mesmas, mas tomam formas surpreendentes a cada instante.
Ele pensa consigo mesmo que as nuvens sempre estarão lá. Como o céu, o sol, a lua e os demais astros.
Mas uma nuvem em particular chama sua atenção. Ela ficou estática durante certo tempo sobre sua cabeça. Até que de repente começou a se movimentar e a se transformar.
Nessa nuvem ele viu-se menino, adolescente, jovem e maduro, envolvido pelos raios do sol e por nuances de um azul que era mar e se dissolvia como por encanto transformando-se em seres que povoaram seu passado e se foram levados pelo tempo, como aquela nuvem que, num segundo se foi.
Era apenas uma nuvem?
O homem moderno levantou-se. E desta vez disposto a mudar seu destino. A transmudar-se como aquela nuvem. A viver!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A violência em sua forma mais cruel

Como não se trata de alguém famoso, o fato não tem tido a repercussão que deveria na grande imprensa. Mas o caso da menina de 15 anos que foi colocada numa cela comum com 20 marginais dá bem a medida de como a nossa infância é tratada.
Apenas 15 anos! E eu penso na minha filha com essa idade. Penso em mim mesmo e me revejo cheio de sonhos e fantasias, ainda muito longe dessa realidade de hoje, que supera a ficção e atinge as raias do absurdo.
Fico triste ao pensar num país que trata dessa maneira seu futuro. E mais ainda ao ver a defesa veeemente de parlamentares pelo aumento do aparelho repressivo e do investimento em armamento para defender a nossa nação.
Mas que nação seremos no futuro se tratamos dessa maneira nossas crianças?
Enquanto "autoridades" disputam o espólio da miséria e da ignomínia que representa esse caso dantesco, não paro de pensar na frase de Veríssimo: "É de 'esquerda' ser a favor do aborto e contra a pena de morte, enquanto 'direitistas' defendem o direito do feto à vida, porque é sagrada, e o direito do Estado de matá-lo se ele der errado."
Pobre menina. E pobre País que não consegue defender a sua infância.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O ministro que odiava o "psiu"...

Está ficando cada vez mais difícil escrever ficção no Brasil.Recém-nomeado para o Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte do nosso País, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito parece viver em outro país.Em março, quando ainda era do Superior Tribunal de Justiça (STJ) irritou-se com a atitude de um servidor do tribunal onde trabalhava e que teve a "ousadia" de usar o termo "psiu" para chamar a atenção do ministro. Irritado, Direito mandou abrir processo administrativo contra o funcionário.Testemunhas contam que o funcionário teria chamado o ministro diversas vezes pelo cargo seguido do último nome, mas foi ignorado. O servidor nega que tenha usado o termo "psiu".Certamente, Direito não ouve funk, não lê jornais e analisa com frieza os processos em que a "camarilha de sempre" lesa o interesse público desviando milhões de reais que se destinariam à Saúde, Educação e Transportes para a população mais carente.Parece que para o ministro a forma de tratamento é muito, mas muito mais importante que o conteúdo. E ele está no STF!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Por que não a Lei Eduardo Camargo?

O que poderia ser mais uma notícia sobre a violência que tomou de assalto a sociedade brasileira, chama a atenção pela frieza da assassina.
No último dia 31 de outubro, quarta-feira, a doméstica Simone Lourenço da Rocha, de 32 anos, esfaqueou o marido, Eduardo Camargo Gonçalves, de 30 anos, que foi socorrido no Posto de Saúde do Hospital Geral de Campo Limpo, em São Paulo, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Simone não fugiu. Na delegacia, alegou que apanhava do marido quando este bebia e que agiu em legítima defesa. Ela afirmou que não premeditou o crime e que só utilizou a faca porque temeu pela vida, já que o marido a ameaçara de outras vezes.
A violência doméstica, tanto da parte masculina quanto da feminina, vem crescendo em progressão geométrica, sem que a sociedade dê mais atenção ao assunto. Preocupados com a guerra urbana que tomou conta de cidades inteiras, prefeitos, governadores e o governo federal não se deram conta de que em grande parte dos casos, o inimigo (ou agressor) está ao nosso lado, na nossa casa, na nossa cama.
Seria o caso de se criar a Lei Eduardo Camargo?
Este humilde escriba sugere bom senso, humanidade e a retomada de sentimentos como compaixão, amor e solidariedade. Viver uma vida sem sentido dá nisso. Que valor tem a vida para quem fez da sua própria vida um calvário?

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A Copa de 14 e a esperança de um povo

O anúncio ontem de que a Copa do Mundo de 2014 será realizada no Brasil foi recebido com alegria pelo povo brasileiro.
Confesso que sou um amante inveterado do futebol, até porque é nesse esporte que o brasileiro encontrou o lugar ideal para dar vasão a toda sua criatividade, superando a suposta organização infalível dos países ditos avançados. Além do mais, são do futebol as minhas lembranças mais remotas de uma infância alegre em que a bola removia todas as diferenças de classe social e eu podia brincar no mesmo nível dos meus colegas de rua, apesar dos pés descalços em contraste com os tênis adversários na quadra de barro batido.
Mas mirando o futuro eu espero que a Copa de 14 seja a concretização do sonho de se esquecer a derrota humilhante de 1950 no mesmo Maracanã que deve ser o palco da final da revanche.
Espero mais: que dessa Copa que envolverá bilhões de dólares, restem os investimentos em infra-estrutura, transportes e segurança, porque o povo brasileiro é o maior patrimônio de um país pródigo em riquezas naturais, mas órfão de uma classe dirigente comprometida com um projeto nacional.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O Rio continua lindo...

... mas a administração César Maia é criminosa. Os demos certamente vão alegar que a precipitação pluviométrica da última terça-feira foi a correspondente a 30 dias. Mas e daí. Encostas avaliadas no olhômetro. Galerias entupidas. A omissão da Guarda Municipal nos sinais de trânsito. Tudo responsabilidade do homem que aposta nos factóides para escamotear a realidade.
Em meio ao turbilhão que tomou conta do Rio, eu ainda aposto na esperança e acredito que em 2008 o Rio vai dar uma virada e voltar a ser a capital da cidadania e da resistência político-cultural. Vamos varrer os demos da administração de nossa cidade e entregá-la a quem ame o povo, e cuide de cada cantinho com carinho e dignidade.
O Rio merece muito mais que César Maia.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Relações incestuosas

O "Mensalão" foi criado pela grande imprensa.
Querem alguns exemplos?
O que dizer de um diretor de estatal do porte dos Correios (que movimenta bilhões de reais) e que é pego com a boca na botija quando aceitava propina de R$ 3.000,00?
O único réu confesso nessa história, Roberto Jefferson, continua usufruindo do horário político de seu partido em rede nacional de televisão, sob o beneplácito da mídia.
Afinal de contas, por que o Governo teria de pagar aos parlamentares para que eles votassem projetos enviados pelo Executivo? Uma das funções deles não é justamente essa?
Tais projetos eram benéficos para a população brasileira?
Em caso afirmativo, meus amigos, todos esses parlamentares devem explicações à opinião pública. Inclusive e principalmente os da oposição, porque a se confirmar isso, o Congresso definitivamente loteou o País.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Trabalho escravo, democracia e ética...

Notícia publicada na newsletter "Congresso em Foco" informa que empresas autuadas por manter trabalhadores em condições análogas à de escravo doaram R$ 897 mil para a campanha eleitoral de 25 candidatos em 2006. Levantamento feito pelo "Congresso em Foco" revela que dois governadores, três senadores, nove deputados federais e cinco estaduais receberam dinheiro de empresas incluídas na chamada "lista suja" do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Isso, por si só, já se constitui num escândalo, mas o pior é que ninguém se mexe no Congresso Nacional para pedir a instalação imediata de uma CPI, a toda poderosa Globo se cala e os demais meios de comunicação silenciam.
Ainda bem que a gente tem o "Conspiração Democrática". Se você tiver alguma denúncia, use este espaço, mande a informação que a gente publica. Porque aqui, a democracia impera.
Quem quiser ler a informação na íntegra clique no link a seguir: http://congressoemfoco.ig.com.br/Noticia.aspx?id=19166

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Ave, Marta!

A ginga de um Garrincha, a malícia de um Pelé e a graça de... Marta. A craque da seleção brasileira feminina de futebol vem encantando o mundo esportivo. A canhota que já fez famosos craques como Maradona e Rivelino, que inspirou o primeiro, agora tem como maior nome no cenário do futebol a menina Marta.
Enquanto os maiores nomes do nosso futebol estão na Europa, tem muito torcedor querendo ver a beleza, a graça, a ginga e a malícia de Marta num dos times da primeira divisão.
Pena que a legislação não permita, mas Marta teria vaga hoje em qualquer time brasileiro.
Eu, como botafoguense, dou aval. No meu time, Marta jogava, fácil, fácil.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Um certo Freud

Sigmund Schlomo Freud nasceu no dia 6 de maio de 1856, em Pribor, na República Checa e faleceu em 23 de setembro de 1939, em Londres, na Inglaterra, aos 83 anos. O fundador da Psicanálise tinha entre seus interesses a Neurologia, Antropologia, Psicologia e Sociologia e entre suas idéias notáveis podem ser citadas inconsciente, sonhos, libido, divisão do aparelho psíquico, desenvolvimento psicossexual, pulsão e mecanismos de defesa.
Inicialmente, Freud interessou-se pela histeria, utilizando a hipnose para estudar pessoas que apresentavam esse quadro. Mais tarde, abandonou a hipnose em favor da associação livre, mas antes se interessou pelo inconsciente e pulsões, entre outros, tendo sido influenciado por Charcot e Leibniz. Estes elementos tornaram-se bases da Psicanálise. Freud, além de ter sido um grande cientista e escritor (Prémio Goethe, 1930), possui o título, assim como Darwin e Copérnico, de ter realizado uma revolução no âmbito humano: a idéia de que somos movidos pelo inconsciente.
Freud continua sendo controverso até hoje e suas idéias são debatidas e questionadas por sua utilização no tratamento científico e médico.
Seja como for, Freud foi um visionário que ajudou a mudar o pensamento do homem em relação a si mesmo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Por que a popularidade de Lula é inatacável...

À esquerda e à direita, os seguidos ataques a Lula não conseguem abalar a popularidade do primeiro Presidente Operário da história republicana deste País. Alexandre Garcia ainda não entendeu porquê, apesar de seus passeios esporádicos pelas ruas de Brasília, quando, segundo ele "consegue captar o sentimento do povo".
Ao contrário de Garcia, eu entendo porque o povo brasileiro tem tanta empatia com o nosso Presidente e posso resumir isso por um episódio vivenciado por mim:
Segundo turno das eleições para escolha do Presidente da República. Dia 17 de outubro de 2006, cerca de 17 horas. Eu, como milhares de brasileiros, estava em plena Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, à espera da chegada de Lula, que faria um comício relâmpago, pois estava de passagem para um encontro com notáveis. Sem perceber, fui sendo levado pela multidão e, quando vi, estava num beco sem saída, espremido por milhares de pessoas na esquina da Rua da Assembléia com Avenida Rio Branco. O número de pessoas era tão grande que o carro de som ficou retido e não conseguia progredir um centímetro. O tempo passava, já eram mais de 18 horas. De repente, um mar de gente começou a se acotovelar em direção a um carro preto parado na Rua da Assembléia. Era Lula!
Os seguranças tentavam abrir caminho. Em vão! O carro estava ali, estático, e as pessoas se espremiam na esperança de tocá-lo numa saudação emocionada ao homem de barbas brancas que carregava a esperança de quem estava por ali e pelo Brasil afora.
De repente, a porta do carro se abriu e Lula saiu para desespero dos seguranças e delírio da multidão. Eu já não podia controlar meus passos. Sem perceber como, fui jogado para o meio da Avenida Rio Branco, enquanto Lula era carregado nos braços do povo em direção ao carro de som.
O homem que mandara às favas a segurança chegou incólume ao topo do carro de som, mas não disse uma palavra. Só então aquela verdadeira romaria começou a se movimentar em direção à Cinelândia (reduto democrático em que já aconteceram todos os tipos de manifestações). Ali, Lula subiu num palanque e fez um discurso emocionado que foi ouvido em silêncio e êxtase pela multidão.
Quando tudo acabou, fiquei com a certeza de que aqueles que atacavam Lula o faziam porque viam nele muito mais que um representante partidário ou integrante de uma corrente política, mas a certeza de que ele representa o retrato de um povo que agora sabe que pode ser o que quiser.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A Fórmula 1 não tem graça

Pode ter sido coincidência, mas desde a morte de Ayrton Senna que a Fórmula 1 perdeu a graça. Primeiro, foi a chata supremacia de Schumacher, que ainda recebia os beneplácitos dos manda-chuvas da F1 toda vez que aprontava quando se via em desvantagem. Valia de tudo. Jogar o carro contra adversários, abalroar quem estava na frente, sem que recebesse qualquer tipo de punição. Quando surgiu um tal de Fernando Alonso, que venceu dois campeonatos seguidos, Shumacher simplesmente tirou o time de campo, sem que ninguém da imprensa dita "especializada" fizesse o seguinte questionamento: "Se Schumacher é assim tão superior aos demais pilotos, por que perdeu dois campeonatos seguidos?" Eles sabem a resposta, mas não podem dá-la por ordem dos patrocinadores. A Fórmula 1 há muito tempo deixou de ser esporte para transformar-se num lucrativo negócio. Os melhores pilotos não têm os melhores carros. Aliás, quem tiver o melhor carro vence sempre, num campeonato sem alternância, em que o pole position quase sempre vence e no qual as ultrapassagens só acontecem durante os pit stops. Atualmente, só assisto à largada. Se nada de surpreendente acontecer, desligo a TV e mais tarde confiro: na esmagadora maioria das vezes, quem saiu na frente vence! E quem tem saco, fica assistindo a uma romaria chata de um carrinho atrás do outro durante duas horas. Até que aconteçam mudanças que dêem emoção à F1, tô fora!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Alexandre Garcia extermina institutos de pesquisa

Houve tempo em que a TV Globo detinha praticamente 75% da audiência... Mas os tempos mudaram... Hoje, em alguns horários, a Vênus Platinada vem perdendo a liderança e cabeças têm rolado por lá...
Cientes disso, Miriam Leitão e Alexandre Garcia defendem seus empregos com unhas, dentes e muita desfaçatez... Miriam entende de tudo, fala sobre tudo, sempre no papel de porta-voz da opinião da empresa em que trabalha e dos empresários, sem jamais ouvir, por exemplo, os trabalhadores, representantes dos movimentos sociais e entidades sindicais. Alexandre Garcia, por sua vez, a cada dia se supera.
Hoje (13 de setembro de 2007) ao comentar a vitória de Renan no Senado, no episódio em que se pedia sua cassação por ferir o decoro parlamentar, Alexandre Garcia disse que o povo clamava contra a absolvição de Renam porque ele "deu uma volta pelas ruas de Brasília" e sentiu o clamor popular.
Menos Alexandre, menos. Enquanto os institutos de pesquisa entrevistam milhares de pessoas, usam metodologias consagradas para chegar a conclusões muitas vezes falhas, como no episódio da eleição do petista Jaques Vagner na Bahia (lembram?), o porta-voz da Globo precisa de apenas uma caminhada pelas ruas para "detectar" o veredicto popular.
Alexandre, meu caro, você não tem mais vergonha na cara. Sua atuação no Bom dia, Brasil é um desserviço ao jornalismo e ao País.
Vai te catar, cara!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Você pode inutilizar seu celular roubado

A notícia vem circulando pela Internet e, se confirmada, pode se constituir num dos casos mais escandalosos de crime contra o consumidor.
Mas vamos por etapas. Pegue seu celular e disque *#06#. Pronto! No visor do aparelho surge um número de 15 dígitos. Esse número é o número de série do seu celular, anote-o num papel e guarde-o.
Em caso de roubo ou extravio do aparelho, ligue para a sua operadora informando o número de série. Com isso, serão bloqueados o chip e o próprio aparelho, tornando-o inútil.
Se vc não tiver em mãos o número de série, basta que o ladrão troque o chip para continuar utilizando impunemente o aparelho roubado.
Agora você como eu deve estar se fazendo uma pergunta: Por que, afinal de contas, as operadoras não nos dão essa informação?
Na verdade, o roubo de celulares é um grande negócio. O ladrão repassa o aparelho por um preço ínfimo e o receptador troca o chip reutilizando o aparelho. Quem foi roubado, por sua vez, tem de comprar um novo aparelho e é o único perdedor nessa história. Ganham o fabricante, que vende mais um aparelho, a operadora, que vende mais um chip, o ladrão, que revende o aparelho, e o receptador, que compra por uma mixaria um celular que não teria condições de comprar normalmente.
Você, que comprou seu celular com o dinheiro honesto do seu salário, na linguagem dos marginais das ruas e também dos engravatados: perdeu!

O sonho da TV de 29 polegadas

Sonho de consumo, principalmente dos moradores da periferia, a TV de 29 polegadas pode se transformar num pesadelo com a chegada da TV digital. É que tudo indica que as lojas de eletrodomésticos têm feito inúmeras promoções para se livrar de um tremendo abacaxi. A TV digital deve chegar ainda este ano, mas para acessá-la os novos e felizes proprietários das telas grandes terão de desembolsar nada menos do que R$ 550,00 por um conversor, ou seja praticamente o mesmo preço que pagaram pelas TVs.
Mais uma vez, os consumidores entraram numa furada!

Finalmente, Fla sai da Zona de Rebaixamento

O resultado foi enganoso. Quem não assistiu ao jogo e só soube do resultado final (4 x 1 para o Flamengo) pode pensar que o Figueirense foi um adversário fácil. Não foi! O primeiro tempo terminou empatado em 1 x 1 e o Flamengo só desempatou com um pênalti que o juiz "achou", já que lances iguais a esse acontecem em todos os jogos. Mas o Figueirense foi um adversário valente, que não teve um "matador" para converter em gols as várias chances criadas.
Agora, o Flamengo ocupa a 14ª posição na tabela de classificação a apenas um ponto da zona da degola. Pelo menos pelas próximas rodadas, o perigo ainda ronda a Gávea.
Mas o motivo desta crônica é que foi bom ver o sorriso estampado nos rostos de amigos como Danny, Adriana e Berg. Mas é chato aturar o cheiro de naftalina de quem desengavetou camisas guardadas há tanto tempo.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A tragédia do UP-171


O cuidado com que a Globo vem tratando a tragédia do trem de prefixo UP-171, em Austin, é diametralmente oposto ao açodamento com que culpou o Governo no episódio da tragédia do avião da TAM, em São Paulo. Até agora foram contabilizadas oito vítimas fatais e 111 feridos, mas a mídia não tem repercutido o sentimento de medo que tomou conta da população de baixa renda que tem no trem seu único e factível meio de transporte.
A solitária voz do presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Valmir de Lemos, o Índio, tem ocupado parco espaço na mídia, que ainda não tem explicações para um acidente que aponta para dois culpados: falhas na sinalização e defeito nos equipamentos. Nenhum órgão da imprensa tupiniquim teve peito de divulgar os nomes dos responsáveis pela sinalização e/ou pelos equipamentos.
Existe, também, uma diferença sócio-econômica flagrante. Em São Paulo, os passageiros do avião eram todos de classe média para cima. Em Austin, distrito do distante município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, todos eram operários, desempregados, gente humilde que não tem voz na grande imprensa.
Enquanto em São Paulo a mídia reclamava acomodações e transporte para os parentes das vítimas, em Austin os trabalhadores que residem nas estações que a sucedem terão de se virar por conta própria. O sentimento de justiça social, pelo visto, anda longe da grande imprensa. Sem direito a voz na mídia, muitos trabalhadores terão de andar quilômetros a pé até Comendador Soares, enquanto a situação não for reparada.
A tragédia só não tomou proporções ainda piores porque o acidente ocorreu às 16h09min. Se tivesse ocorrido no horário de pico (com saída da Central do Brasil entre as 17h30min e as 20 horas) o número de feridos e vítimas fatais seria infinitamente maior.
Se você pensa em acompanhar o desenvolvimento das investigações, desista!
Como os envolvidos são todos da periferia, a grande imprensa logo vai encontrar outra tragédia para vender mais jornais e os mortos e feridos no acidentes do UP-171 serão esquecidos como objetos descartáveis.
Os culpados continuarão a tomar seus uísques à beira de piscinas confortáveis, sem sentimento de culpa. Afinal, o que contam pobres operários e homens e mulheres desempregados à procura de colocação num mercado de trabalho cada vez mais seletivo e excludente?

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

A volta de Djavan

Djavan surgiu lá pelos meados de 1975, no Festival Abertura, quando mostrou a inesquecível "Fato Consumado", sucesso até hoje e regravada no Brasil e no exterior. O sucesso foi consolidado com "Flor de Lis", que continua sendo número obrigatório em todos os seus shows. Com o sucesso do primeiro LP, quiseram rotulá-lo como um novo "sambista", mas ele odeia rótulos e preferiu mostrar suas criatividade e diversidade em discos já antológicos como "Luz", no qual apresentou de uma só vez sucessos como "Samurai" e "Pétala".
Os sucessos foram se sucedendo, mas Djavan adotou uma postura ousada e não se rendeu à indústria fonográfica, preferindo lançar seus CDs de dois em dois anos, escapando da armadilha do CD anual, que pode render mais lucros para a gravadora, mas na maioria dos casos empurra o artista para repetições enfadonhas e repetições de um modelo pré-determinado.
Em 2004, Djavan ousou mais uma vez e lançou uma produção independente, o CD "Vaidade" que praticamente não tocou nas rádios, demonstrando que a história do jabá é uma realidade, mesmo quando se trata de um ícone do porte de Djavan.
Agora, três anos depois, ele anuncia através de seu site (http://www.djavan.com.br/) o lançamento do CD "Matizes" e disponibiliza on line o single "Pedra" em que ele demonstra que a criatividade, ousadia e suíngue continuam afinados.
Ainda não sei se a produção é independente ou vem através de alguma gravadora. Só espero que para o bem de seus inúmeros fãs, as FMs toquem Djavan, que está entre os melhores da MPB e consegue nesse mundo confuso da música escapar de rótulos e ser único.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Algumas do futebol carioca

BOTAFOGO
Depois do inferno astral iniciado com a descoberta do "doping" de Dodô, continuado com as seguidas falhas de Júlio César e complicado ainda mais com o afastamento do habilidoso Zé Roberto, finalmente o Botafogo fez as pazes com a vitória, numa semana em que derrotou o Corinthians por 3 x 1 pela Sul Americana e o Atlético Mineiro, fora de casa e de virada por 2 x 1.
FLAMENGO
E finalmente, depois de 21 rodadas o Flamengo saiu da zona de rebaixamento. Pelas ruas, é inevitável sentir o cheiro de naftalina das camisas antes guardadas nos armários, diante da vergonha de um time que se perdia na defesa, era inoperante no meio de campo e inexistente no ataque. As chegadas de Roger, Ibson e, principalmente, do argentino Maxi (primo de Messi) deram novo ânimo ao time. Na quarta-feira (29 de agosto) os rubronegros vão enfrentar o time do Botafogo. Prenúncio de casa cheia e de jogão, já que nas últimas partidas entre os dois times o resultado foi sempre empate.
VASCO
E quando todo mundo apostava na ascensão do time, o Vasco empatou com o Sport em 0 x 0. Apesar do jogo ter sido realizado fora de casa, esperava-se mais do time que, se vencesse, estaria na cola do São Paulo.
FLUMINENSE
Renato Gaúcho sempre foi sinônimo de polêmica quando era jogador. Agora, como técnico, esperava-se mais equilíbrio dele, mas não é o que tem acontecido. Sob a proteção da imprensa, Renato coloca a culpa das derrotas ou nos jogadores ou nos árbitros. No empate em 1 x 1 com o Grêmio, no último sábado, não foi diferente e o técnico tricolor fez duras críticas ao árbitro da partida, Paulo César de Oliveira, da Federação Paulista. O incrível é que o endeusado "técnico" Renato Gaúcho deixou um Vasco desmotivado que cresceu, e muito, sob o comando de Celso Roth. Chegou ao Fluminense e ganhou o título da Copa do Brasil com um time montado por Joel Santana e, agora, que tenta impor sua "filosofia" o time desanda. Afinal de contas, Renato já provou que é um bom técnico de futebol?

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sindicato faz Congresso para poucos

Recebi do companheiro Fernando Paulino texto em que ele de forma brilhante retrata o que vem acontecendo atualmente no outrora democrático Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. A atual diretoria resolveu realizar o VI Encontro de Jornalistas em Assessoria de Comunicação do Rio de Janeiro (VI Enjac) no Hotel Vila Real, em Itaipava e encontrou uma forma nada sutil de limitar a participação no evento. Estabeleceu como taxa mínima de inscrição a bagatela de R$ 450,00! Ou a atual diretoria do Sindicato está completamente alienada em relação à realidade da categoria ou agiu de má fé no sentido de realizar um encontro excludente e discriminatório.
Mas deixo para a análise de vocês o texto de Fernando Paulino que retrata bem a situação como você pode ver abaixo:

A Comunicação está na ruas !

Mais um encontro de jornalistas marcado pela exclusão social. De 24 a 26 deste mês de agosto, no Hotel Vale Real, em Itaipava, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro promove o VI Encontro de Jornalistas em Assessoria de Comunicação do Rio de Janeiro – o Enjac. De acordo com a divulgação do Sindicato, "o hotel tem suítes com TV e telefone, além de business center e internet wireless; 500 mil m2 de área verde para caminhadas ecológicas; área de recreação infantil, saunas e spa de hidromassagem, quadras de tênis e estacionamento com manobrista". Mas, pouca gente vai.
A taxa mínima de inscrição é de R$ 450,00 – para jornalistas não sindicalizados ou estudantes que se inscreveram depois de 3 de agosto, a participação no evento sai pela bagatela de R$ 540,00! Vale lembrar: no Congresso Nacional Extraordinário dos Jornalistas, realizado em Vitória, no Espírito Santo, no início de agosto, organizado pela Fenaj, a taxa de inscrição variou de R$ 150,00 a R$ 200,00. Mesmo assim, houve protesto contra os altos custos do evento.
Qual deveria ser o objetivo principal de encontros sindicais de jornalistas? Socializar o debate, garantir a pluralidade das idéias, abrir-se à participação de um maior número de profissionais, professores e estudantes do setor. Mas, a esse preço, fica difícil.
O fato é que tanto a Fenaj como o Sindicato estabeleceram um critério preliminar de participação: a seleção econômica. Desta forma, a maioria da comunidade do setor da Comunicação Social fica de fora. Conseqüência disso é que ações discriminatórias como essa ajudam a aprofundar o fosso Imprensa-Sociedade. Cada vez mais, diversos grupos sociais vêm discutindo o papel dos meios de Comunicação, apresentando idéias, querendo interagir, questionando a criminalização da pobreza exposta em várias manchetes de jornais e, sobretudo, buscando o diálogo com os profissionais do Jornalismo. Mais uma vez, perde-se uma oportunidade de interação social.
Há, porém, tempo para recuperar esse necessário trabalho conjunto Sociedade-Imprensa. Basta que os jornalistas exijam da direção do Sindicato do Rio o restabelecimento dos trabalhos da Comissão dos Assessores de Imprensa, de forma autônoma, como acontecia há alguns anos e que permitiu a participação atuante e propositiva dos profissionais cariocas em diversos fóruns de debates. A própria Comissão dos Assessores, uma vez restabelecida, poderá discutir formas que garantam a participação de mais jornalistas nos encontros da categoria.
Afinal, a quem interessa esse esquema Sindicatos/Fenaj SA?

Agosto 2007

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Quilombo da Pedra do Sal luta por reconhecimento

A Associação da Comunidade Remanescente do Quilombo Pedra do Sal (ArqPedra) luta pela titulariedade e regularização da área localizada na zona portuária do Rio de Janeiro, mas enfrenta forte oposição da Venerável Ordem Terceira (VOT), que contesta a ArqPedra e já conseguiu o despejo de alguns moradores da comunidade, que lutam pela reintegração e, ainda, pela construção no local de um Museu para preservar a cultura quilombola.
No próximo domingo (dia 26 de agosto) os quilombolas distribuem carta aberta à população local para acabar com o mal estar causado por reunião convocada pela VOT, em que esta acusou os quilombolas de quererem o fechamento das escolas locais. Veja a íntegra da carta aberta abaixo:
CARTA ABERTA
Aos moradores da Zona Portuária

A Associação da Comunidade Remanescente do Quilombo Pedra do Sal (ArqPedra) vem a público esclarecer a polêmica que atualmente envolve o processo de reconhecimento histórico da Pedra do Sal tombada provisoriamente em 20 de novembro de 1984 e definitivamente em 27 de abril de 1987, reconhecida e certificada pela Fundação Cultural Palmares como remanescentes das comunidades de Quilombo.

1) Existe farta documentação comprovando o papel histórico desempenhado pela Pedra do Sal, e a base legal para a sua regularização pode ser encontrada na Constituição Federal de 1988 (arts. 68 ADCT, 215, parágrafo 1° e 216, I a V, parágrafo 1° e 5°; Decreto Federal n° 4887/03; Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada no Brasil através do Decreto Legislativo n°143/2002; Instrução Normativa n° 20, de 19/092005 do INCRA; Lei Federal sobre o Patrimônio da União (Lei 9.636/98); Lei Nacional de Gerenciamento Costeiro (Lei 7.661/88); Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001) arts. 2°, XIV e 4° alínea f; Lei Estadual/RJ n° 2471/95; Resolução n° 34 do Conselho Nacional das Cidades (art. 5°); e Decreto Federal n° 5051/04.
2) Diante disso, a negação da existência do Quilombo da Pedra do Sal por parte da Venerável Ordem Terceira (VOT) é a negação de que houve escravidão nesse País, relegando-se a história do Brasil a uma ficção;
3) A titularização e regularização da comunidade de remanescentes de quilombo não coloca em risco o direito de nenhum morador e muito menos afeta o funcionamento das escolas locais;
4) Hoje, um grupo de famílias remanescentes do Quilombo resistem, mas muitas outras foram despejadas através de ações judiciais que estão sendo contestadas na Justiça;
5) Ao contrário do que se tem propagado, o quilombo não quer desapropriar moradores e proprietários dos imóveis da área e, sim, prevê um espaço de reafirmação da cultura negra dentro da comunidade com a construção de um Museu Afro-Brasileiro e de Ensino Portuário;
6) De forma fraterna e pacífica, a ArqPedra vem defendendo o direito dos quilombolas sem atacar a nenhuma instituição ou pessoa, mas somente tentando resgatar um compromisso histórico da Nação para com a comunidade negra;
7) Infelizmente, matéria no jornal “O Estado de São Paulo” confirma que aconteceu uma reunião em 10 de julho de 2007 em que o Frei Eckart Hofking disse que “a obra social estava ameaçada”, e o jornal reproduz depoimento de uma moradora que ficou temerosa de que seus filhos perdessem a escola. Isso constrange o trabalho desenvolvido pelos remanescentes em favor da comunidade, seja através do encaminhamento de jovens para cursos profissionalizantes seja no atendimento dos seus problemas diários, que vão da internação de pessoas adoentadas à defesa diante de problemas sociais; e
8) Esperamos que preveleça a verdade e que todas as entidades envolvidas defendam projetos de inclusão como faz a ArqPedra, que luta somente para manter vivas a história e o espírito de um povo com reparações e ações afirmativas através da Educação, cidadania e cultura.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Projeto reduz tarifas bancárias

Já está em análise no Congresso o Projeto de Lei 551/07 da deputada Perpétua Almeida que proíbe a cobrança de serviços bancários de aposentados e pensionistas da Previdência Social cuja renda não ultrapasse dois salários mínimos.
O texto proíbe a cobrança dos seguintes serviços: abertura, movimentação e manutenção de conta e permite uma consulta diária de saldo, uma consulta de extrato, fornecimento de até 20 folhas de cheque por mês e uma transferência semanal de recursos, via ordem de crédito, entre instituições financeiras.
Para que se tenha uma idéia de quanto os bancos faturam com tarifas, estudo comprova que de 1994 a 2006 a receita das instituições financeiras com a prestação de serviços cresceu 1.017%, um absurdo!
Todo cidadão deve estar ligado e pressionar pela aprovação imediata do projeto, que, no mínimo, limita os ganhos extraordinários dos bancos.

Caos na saúde de Alagoas

Em greve há 85 dias, os médicos de Alagoas pediram demissão coletiva em reação à decisão da Justiça, que determinou a volta imediata ao trabalho e estabeleceu multa diária individual de R$ 100,00.
Na briga entre médicos grevistas, o Estado e, agora, a Justiça sobra para a população, que fica sem atendimento na área de saúde e não tem a quem recorrer.
É um típico caso de caos que beira à loucura, enquanto a grande imprensa não faz a sua parte e não noticia detalhadamente quais são as reivindicações dos grevistas, porque a situação chegou a esse ponto e tenta de todas as formas desqualificar os médicos, retratando-os como irresponsáveis.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O golpe do cartão de débito clonado

Segundo dados da Associação Comercial do Rio de Janeiro, os pagamentos em dinheiro vivo estão com os dias contados e a cada dia aumenta a utilização dos cartões de débito.
Só que junto com esse aumento também estão se tornando comuns as clonagens dos mesmos. Se você, como eu, fez do cartão de débito seu principal meio de pagamento, preste atenção no que se segue:
O golpe geralmente é feito da seguinte maneira: o atendente do estabelecimento comercial (lojas em geral, postos de gasolina, supermercados, barzinhos, botecos, danceterias, lojas de conveniência etc.) muito solítico traz a maquininha para que você digite a sua senha. Só que ele tapa o visor e você termina a operação. Em segundos, ele volta e diz que você digitou a senha errada. Você digita a senha mais uma vez, confirma e o atendente diz que desta vez tudo correu bem.
Mas cuidado! Veja como o golpe é aplicado:
O atendente cobre o visor porque não digitou o valor da sua compra ou seu gasto. Assim, quando você digita sua senha, ela aparece no visor, dando chance de que ela seja copiada. De posse de sua senha e do número do cartão (que fica registrado na bobina) a quadrilha (geralmente o atendente é só a ponta de um grupo) faz despesas em seu nome que caem direto na sua conta.
Por isso, antes de digitar sua senha verifique se seu débito foi registrado e olhe no visor para ver se sua senha está aparecendo (o correto é aparecerem asteriscos em vez da senha) e só então confirme.
Fique de olho! Porque esse golpe é muito mais comum do que você imagina!

20 anos sem Drummond

Os versos precisos, a fina ironia e a criatividade incomparável do poeta Carlos Drummond de Andrade nos deixaram há exatos 20 anos, em 17 de agosto de 1987. Mineiro de Itabira, nasceu em 31 de outubro de 1902, mas viveu a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro, onde chegou em 1934, como funcionário público transferido de Minas. Pois é, Drummond teve de conciliar a literatura com a labuta diária porque no Brasil poucos escritores sobrevivem somente de literatura. Tudo que pode ser dito já o foi a respeito de Drummond, por isso deixo nesse espaço um dos inúmeros poemas imortais que nos legou. Esse, é o meu preferido:

Os Ombros Suportam o Mundo
Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Os versos acima foram publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Cadê a campanha por Thiago?

Infelizmente já se tornou comum. No último dia 15 de agosto, uma quarta-feira, a manicure Elisângela Ramos da Silva saiu de casa por volta do meio-dia com seu filho Thiago para deixá-lo com a avó e, em seguida, levar os outros três filhos para a escola. Mas não conseguiu chegar a seu destino.
No caminho, viu-se no meio de um tiroteio entre traficantes e policiais. Elisângela foi morta pela mesma bala que atingiu Thiago na testa. O menino está internado em estado grave no Hospital Salgado Filho, no Méier. Como sempre, vão ficar discutindo se a culpa é dos traficantes ou dos policiais. Como quase sempre, o caso vai cair no esquecimento após algum tempo.
O caso aconteceu na Favela do Jacarezinho, e por isso até o momento não se viu nenhuma campanha classificando quem matou Elisângela de "monstros".
Moradores que assistiram à cena contam que baleado na testa Thiago gritava: "Levanta, mamãe!"
É preciso que todos nós gritemos pelo direito de cidadãos andarem livremente pelas ruas, sem o perigo de serem vitimados por balas dirigidas pela truculência dos traficantes ou pela falta de preparo dos policiais.
Cadê a campanha por Thiago?

Os direitos dos presos e os nossos

O Supremo Tribunal Federal anulou processo e a condenação por causa do interrogatório feito por videoconferência. No entendimento do STF o interrogatório por videoconferência viola os princípios constitucionais do devido processo legal e da ampla defesa. Agora, a ação vai retornar a origem para novo processamento com interrogatório ao vivo e a cores. O réu deve ser novamente processado.
Tal decisão acontece depois que todos nós vimos pela televisão o verdadeiro aparato utilizado para que o traficante Fernandinho Beira-Mar fosse ouvido num dos muitos processos a que responde no Rio de Janeiro. Foram milhões de reais do dinheiro público arrecadado através dos impostos e pagos pela população.
Claro que é importante que os tribunais zelem pelos direitos de todos. Mas quem neste país vai garantir aos cidadãos de bem o direito de ir e vir em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, onde a população há muito tempo vive sitiada em casa, sem direito a lazer e diversão, vivendo sob o domínio do medo, enquanto dos presídios os marginais ordenam seqüestros, assassinatos e outros delitos?

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Pais integrais

No Dia dos Pais, a Praia de Copacabana foi palco de uma manifestação de um grupo de pais interessados em conviver mais com seus filhos. Inspirados no movimento inglês "Fathers of Justice" os manifestantes garantem que não querem brigar com a Justiça, mas dizem que pretendem diminuir a distância entre pais e filhos e defendem a guarda compartilhada.
Certamente, entre a Justiça e os pais, em primeiro lugar devem estar os direitos das crianças, que precisam ter pais integrais para um desenvolvimento harmônico e equilibrado.

O desespero tucano

Não se podia esperar do sociólogo Fernando Henrique Cardoso a grosseria de dizer que "Lula é quem entende de álcool". Para um oposicionista "qualificado" como FHC, chega a ser ridículo e também é uma consagração do Governo Lula. Se até FHC reconhece a qualidade do Governo do presidente operário e apela para baixarias para atacá-lo, convenhamos que Lula tá batendo um bolão.

É apenas futebol?

A crônica esportiva brasileira está devendo, principalmente a TV Globo. O jogo Botafogo x Figueirense, realizado no último domingo (12-08-2007) foi decidido por erros da arbitragem. No primeiro, o árbitro marcou jogo perigoso num lance acontecido dentro da área do Figueirense, quando um zagueiro do Figueirense atropelou literalmente o atancante Jorge Henrique do Botafogo. No segundo, validou um gol em impedimento claro contra o time carioca.
O pior de tudo foi o comentário de Tadeu Schmidt no "Bom dia, Brasil" de hoje. Segundo o nobre repórter Global, "o Botafogo tem dado azar". Sei não, Tadeu, quando um juiz decide um jogo com dois erros grosseiros, isso tem um nome bem diferente: incompetência!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Eu ainda acredito!

Eu estou convencido de que poderemos fazer um mundo melhor.
E por muitos motivos.
Talvez um deles seja você.
Você mesmo, com todas as contradições, sonhos, esperanças, medos e certezas.
Afinal, nós, seres humanos, somos assim.
A chave da convivência é não exigir dos outros
A perfeição que não temos.
Claro, existem distâncias que não podem ser percorridas.
Aquelas que separam o erro da falha de caráter
O medo da subserviência e a esperança da desistência.
Somos sobreviventes, tenho certeza, acreditamos num mundo melhor.
Por isso, amigo, discordaremos, às vezes,
Mas seremos parceiros, sempre,
Quando estiverem em jogo a vida, a solidariedade
E a esperança num mundo justo
Em que a igualdade ainda esteja longe,
Mas em que a diferença entre ricos e pobres
Não signifique a distância entre exibir, esbanjar e ultrajar
E definhar, rastejar e mendigar.
Enfim, em que o espírito humano,
Que ressalta nosso lado melhor,
Solidário, sensível e comprometido com o outro
Passe a ser uma constante em nossas vidas.
E que a esperança de um mundo melhor
Se concretize, com a colaboração de cada um de nós.

Eu continuo sendo um passageiro da esperança!

Brasil, um país possível

O Brasil é um exemplo cruel de desigualdade social, apesar dos avanços desses últimos quatro anos, quando o Governo do primeiro presidente operário da história brasileira investiu maciçamente no atendimento às comunidades mais carentes, com programas como o Bolsa Família e o Luz para Todos.
Nós, trabalhadores, temos enfrentado em todos os níveis uma luta contra um modelo neoliberal que despreza tanto a idéia de um Estado Nacional como as lutas populares, pregando mesmo o seu fim.
Nesse sentido, o movimento sindical tem evoluído na compreensão de que a antiga idéia de um socialismo que preconizava a abolição da propriedade privada e dos meios de produção, confundida na maioria das vezes com estatização total, aponta hoje para a construção de formas de propriedade privada sob controle estatal e, sobretudo, de mecanismos de regulação que possam direcionar o crescimento da economia em benefício da maioria.
Hoje, alguns desafios estão em pauta e ganham destaque midiático:
Meio Ambiente
Na contramão do projeto neoliberal e de suas concepções tradicionais de desenvolvimento, os movimentos sociais conseguiram colocar na pauta das principais nações do mundo a questão do meio ambiente e o Brasil não pode ficar de fora nessa história.
Questões como o aquecimento global, novas formas de geração de energia, proteção da biodiversidade e patrimônio genético entraram na pauta de discussão em todo o planeta, preocupando tanto aos países mais ricos do mundo como aos países em desenvolvimento, porque terão influência na sobrevivência do mundo.
Luta Sindical
O mundo do trabalho tem passado por diversas transformações, algumas visíveis e outras ainda ocultas pela incapacidade de fiscalização do Estado.
A automação causou grande impacto sobre o número de trabalhadores em atividade, sem dar resposta à sociedade às suas conseqüências imediatas, entre elas o aumento do desemprego e da informalidade da economia.
Diante desse panorama, ganham espaço na pauta sindical temas como a redução da jornada de trabalho e as modificações qualitativas das condições e dos locais de trabalho, contrapondo ao modelo neoliberal — que só visa o lucro imediato — a visão de que a valorização da vida e o conceito de responsabilidade social ganham importância a partir de tais mudanças.
O Brasil é hoje referência no novo quadro mundial devido às suas riquezas naturais e à posição de destaque da Amazônia como repositório da biodiversidade.
A agenda sindical não pode se prender às bandeiras dos anos 80, mas deve ser atualizada permanentemente, em busca da garantia de que a força de trabalho seja considerada sempre que se pensar em avanços econômicos, que não podem prescindir dos aspectos sociais.
O Brasil é o país do futuro e a classe trabalhadora tem que estar entre as prioridades de sua agenda de desenvolvimento.

No Rio, Educação continua em crise

Mais uma vez, os professores da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro ameaçam entrar em greve. Mais uma vez, a reivindicação é por salários justos. Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE), hoje o piso salarial de R$ 431,00 é um dos mais baixos do país. Ainda segundo o SEPE, a Educação está há mais de 11 anos sem reajuste.
Vale registrar que nesse período, todos os anos os professores entram em greve. Em alguns casos por seis meses ou mais, sem que as aulas sejam repostas e sem que os alunos tenham direito a qualquer tipo de defesa.
O Estado paga mal. Os professores entram em greve. Os alunos sofrem os prejuízos e parece que no País não existe ninguém capaz de arbitrar o conflito entre professores e Estado, garantir o direito dos alunos à Educação e, o fundamental, preparar nossos futuros cidadãos.
A reivindicação dos professores é justa, sem dúvida. Os sucessivos governos não explicam porque pagam tão mal aos profissionais de ensino. E as grandes vítimas continuam sendo os alunos, penalizados por professores e Estado, sem direito a uma Educação que lhes permita ter um futuro melhor.
Está na hora de sindicalistas, professores, alunos, pais e políticos encontrarem uma solução que garanta aos jovens, em sua maioria de baixa renda, o direito de completarem o 2º Grau e terem acesso a uma faculdade que lhes abra a porta do conhecimento e da esperança.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Ética na política

A imprensa brasileira tem-se mostrado rápida no gatilho. Publique-se primeiro e apure-se depois.
Ao primeiro sinal de que há algo de errado na biografia de uma figura pública, avidamente um jornal publica a manchete escandalosa e é seguido imediatamente pelos demais. O caso do presidente do Senado, Renan Calheiros, é emblemático. Primeiro, descobriu-se a sua infedelidade. Como o caso rendeu a venda de mais jornais, foi-se estendendo e é preciso ter novidades diariamente.
Com o foco das lentes voltado para o Senado, todo mundo quer aparecer. A cada dia, uma excelência se alterna à frente das lentes com um ataque a Renan. Afinal, ele é a bola da vez e atacá-lo significa valiosos segundos nas principais redes televisivas.
Afinal de contas, se existem tantas provas concretas contra Renan, por que até hoje não foi iniciado o processo de impeachement?
Enquanto as denúncias se multiplicam, a população vai perdendo a crença nas instituições e Renan continua presidente de um Senado a cada dia mais desmoralizado e acéfalo.
Faltam critérios claros, denúncias consubstanciadas e justiça. Sobram desvarios e irresponsabilidade.
E no meio disso tudo fica uma pergunta: quem representa, com dignidade, o povo brasileiro?

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Bom dia, coerência!

O ápice do açodamento do noticiário em torno do acidente do vôo 3054 da TAM foi, sem dúvida, o comentário de Alexandre Garcia no "Bom dia, Brasil" desta segunda-feira (30 de julho de 2007). Arauto das intenções de seus patrões, à certa altura de seu comentário diário Garcia afirmou que seria "armação" qualquer tentativa de se culpar um cadáver (no caso o piloto) pelo acidente.
Ou seja, de que valem organismos internacionais, agências reguladoras, técnicos especializados, a Aeronáutica brasileira e, por fim, a Justiça se a Globo já havia determinado que "a culpa é do Governo".
Notem que a utilização do termo "cadáver" tem conotação meramente "espetaculativa", corroborando o tom apelativo dado ao caso desde o seu início.
Aliás, foi lamentável e fracassada a tentativa de deslocar William Bonner para o local do desastre. Mero locutor, Bonner não tem o menor cacoete para âncora e teve atuação patética durante a cobertura do acidente, tentando induzir o telespectador da Globo a engolir a versão da emissora que paga os seus salários.
Ao contrário de sua esposa (utilizada como repórter pela Globo principalmente em eventos esportivos) faltam a Bonner o jogo de cintura e o senso investigativo de um repórter e, ainda mais sensível, a vontade política de atuar como âncora.
Bonner é um viciado no jogo de cena que lhe propiciam os técnicos da Globo com a superposição de imagens ao noticiário adredemente preparado por ele e sua esposa diariamente no "Jornal Nacional".
O jogo de imagens proporcionado pela técnica que dão a Bonner (e a seus telespectadores) a sensação de movimento, saem de cena quando ele é deslocado da redação e fica sem o aparato tecnológico que mascara suas deficiências.
Pobre Bonner. Ficou mal na fita!
Não basta manipular imagens para mascarar a verdade. Até porque outras emissoras também têm as mesmas imagens e também podem manipulá-las a seu bel prazer.
Enquanto isso, os telespectadores são confundidos entre a imagem real, a imagem editada e a imagem transformada por um arsenal cada vez mais sofisticado da televisão.
Falta à TV aberta a opção de um jornal coerente porque as opções de hoje à Globo são justamente os que saíram da Vênus Platinada. Carlos Nascimento no SBT e Marcelo Rezende na Rede TV!.
É pena que o telespectador não tenha o direito de optar.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Um menino, uma pistola e minha insignificância...

Tenho um colega de trabalho que mora numa comunidade carente (eufemismo para favela)... Dia desses fui visitá-lo (ele garantiu que o local era calmo). Na entrada, perguntei pela rua em que ele morava e informação recolhida, dirigi-me a passos largos para lá. De repente, ao dobrar uma esquina, dei de cara com dois caras portando armas poderosas (desculpem a ignorância mas não sei distingüir fuzil de metralhadora nem esta de AR 15) e fiquei entre chocado, espantado e abobalhado com o porte de um deles, que tinha cerca de 12 anos, magro, raquítico e empunhava a arma na mão direita, uma garrafa de Coca na outra ao mesmo tempo em que fazia embaixadas com uma bola oficial de Penalty. De repente, perdeu o controle da bola que veio em minha direção (a rua é em declive). Eu na minha ia deixar passar quando ouvi a voz de criança: "Pega aí, tio". Travei a bola, fiz duas embaixadinhas (eu sou do ramo) e devolvi a bola com um certo efeito pra sacanear o cara. Não deu outra, quando ele tentou dominar, a bola escapou-lhe e a criança falou mais alto. Deixou de lado a arma, correu atrás da bola, dominou-a, fez duas embaixadinhas também e mandou pra mim, com mais efeito ainda. Já disse que sou do ramo e não dei mole. Matei a bola, fiz diversas embaixadinhas e devolvi-lhe a bola, dessa vez com açúcar e com afeto. O moleque riu e perguntou: "Vai pra onde?". Dei o endereço e ele disse: "É longe paca!" Ato contínuo, ordenou a um motoboy que passava pelo local: "Leva o coroa na casa de fulano e vai devagar que o cara é maneiro!" Eu ganhara um amigo. Quando eu montei na moto, ele se despediu assim: "Qualquer problema, diz que tá com o Teco"... Ao me afastar, vi que ele havia retomado a arma. O menino se fora, voltara o traficante e pensei que esse menino só quer jogar bola, mas que nossa sociedade doente deu-lhe como alternativa de sobrevivência uma AR 15 (ou sei lá que nome tinha aquela enorme arma de poder letal). Nunca mais voltei à favela, onde sou amigo do Teco, que resgatou em mim, por segundos, o menino que um dia fui.

As vaias do Pan

A satisfação com que Bóris Casoy e William Bonner anunciaram as vaias contra o presidente Lula deram filhotes. Sem dúvidas, esse é o PAN das vaias.Vaia-se americanos, argentinos e cubanos sem nenhuma cerimônia.Houve até um caso mais grave, quando uma judoca brasileira perdeu a final para uma cubana, em que a platéia atirou tudo o que pôde no tatame e sobre os jurados, que tiveram de se retirar. Enquanto a mídia mentirosa tece loas ao "melhor" desempenho do Brasil em um Pan, a verdade é varrida sob o tapete, porque algumas delegações não trouxeram seus principais valores.Como nas eleições e em assuntos de interesse nacional, também no esporte a grande imprensa presta um desserviço a todos nós.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Fontes de Poder

Existe um limite tênue entre a informação e a deformação das notícias. E o maior exemplo disso foi dado pela TV Globo na última quinta-feira, dia 19 de julho. Ao flagrar o Assessor Especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, "comemorando" a divulgação da notícia de que o avião da TAM que causou a maior tragédia da história da aviação brasileira tinha problemas mecânicos, William Bonner automaticamente "intuiu" que ele "comemorava" o fato porque a partir daí diluiam-se as notícias que culpavam o Governo (sua omissão ou ação equivocada segundo essa mesma imprensa) pela ocorrência.
Ilações, meu caro Bonner, ilações. Interpretar um gesto, por si só, é tarefa das mais difíceis. Tanto que até hoje povoam o imaginário de milhões de pessoas mundo afora os prováveis significados daquele soco no ar de Pelé ao comemorar seus mais de mil gols. O que significaria aquele soco?
O toc toc toc de Garcia, sem dúvida, foi de alívio. Agora, daí a afirmar-se categoricamente que ele tripudiava sobre a dor dos familiares das mais de 200 vítimas do acidente vai uma distância abissal. A partir daí, caro Bonner, configura-se um direcionamento da "notícia interpretativa" que beira os limites do desvario.
Desde o primeiro dia do Governo Lula, a imprensa se armou para detonar a ameaça que representaria o sucesso do Presidente Operário.
Lula é a única possibilidade, desde a instituição da República, neste País de se mostrar que mestrados, doutorados e títulos nobiliárquicos não dão a ninguém o direito de pensar pelo povo. E também de mostrar que o povo sabe o que quer. Sabe escolher. Sabe analisar. Sente no dia a dia quem governa para o povo, com o povo e pelo povo.
Por isso, caro Bonner, seu "jornalismo interpretativo" errou. Como erraram seus "patrões" em, mais uma vez, tentarem instituir de fora para dentro do Governo Lula a possibilidade de um golpismo latente, que não mede fronteiras e que tenta moldar, a seu bel prazer, leis criadas ao sabor de interesses inconfessáveis.
Não deu com o Mensalão? Criou-se os Sanguessugas. Não foi o suficiente, armou-se o escândalo do montículo de dinheiro. Perderam com a reeleição antes improvável? Armou-se o espetáculo das vaias na abertura do PAN. A popularidade de Lula continua alta? Tenta-se de forma desesperada culpabilizar o Governo por uma tragédia anunciada há anos pelo esgotamento de nossos aeroportos.
A imprensa brasileira tem hoje um índice de aceitação vergonhoso. O jornal mais vendido no País não ultrapassa 500 mil exemplares para uma população estimada de 190 milhões. A televisão aberta ainda é a única fonte de informação para milhões de brasileiros apequenados por salários aviltantes, mas o governo popular de Lula tem feito os eletrodomésticos caírem a níveis nunca dantes vistos e, por isso, hoje em praticamente todas as casas se vê um DVD que já é uma alternativa para a programação chata, repetitiva e mentirosa da TV.
O salário mínimo ultrapassou a marca dos 200 dólares. A baixa dos juros aumentou o consumo. A economia vai bem. A população de baixa renda vive o melhor momento dos últimos 30 anos.
A popularidade de Lula é uma ameaça à tentativa de "retomada" do Poder em 2010? Criem-se crises. Esta é a palavra de ordem, mesmo que para isso seja preciso desrespeitar as regras mais elementares do bom senso, da dignidade e da ética.
Essa sanha de se arranhar a imagem de Lula e do PT sepultou a verdade há muito tempo. Esses doutores ainda pensam que iludem o povo. Mas há muito tempo os maiores vendedores de CDs são justamente aqueles alcunhados de bregas por essa elite podre. Apesar de toda propaganda enganosa, o povo tem um modo peculiar de se vestir. De falar. De andar. De se comunicar. Impondo a essa mídia podre e sem nenhum compromisso com o País o reverso da medalha. Para fazer "sucesso" e valorizar seus espaços comerciais, a TV brasileira adota gírias do povão, apela cada vez mais para cenas de sexo e exposição de corpos nus. Os antes endeusados novelistas agora se vêem obrigados a dar a seus "personagens" o destino que os telespectadores querem ou arriscam-se a escrever para o vazio.
E sabem por quê?
Ninguém aguenta mais os Bonners da vida. Ninguém aguenta mais uma gente que caminha na contramão da história e tenta impor ao povo uma música que ele não quer ouvir, personagens que não têm semelhança com a nossa realidade e falsas crises que só tentam retomar o Poder para quem vendeu quase tudo neste País e tratou trabalhadores como marginais ou animais peçonhentos por muitos anos.
Essa gente nunca vai entender porque o povo ama tanto a Lula.
Porque essa gente ainda pensa que o Brasil tem que ser igual aos EUA ou aos velhos países da Europa, esgotados por si mesmos, envelhecidos, desesperançados e presos a um modelo econômico que sobrevive da exploração dos mais pobres para manter um padrão de vida que só existiu e só vai persistir até que se adote um modelo baseado na igualdade de oportunidades.
O Brasil do povo é o Brasil de Lula. De esperança no futuro porque nasceram de famílias em que a solidariedade é fundamental para que se sobreviva a um país injusto. E esse povo sabe que Lula é a única possibilidade desse quadro mudar.
A indignidade com que foi tratado o episódio do Marco Aurélio Garcia na sua intimidade denotam o desespero a que essa gente chegou.
A violência nas grandes cidades é resultado disso. De pessoas que há décadas mantêm o poder a qualquer custo e que têm demonstrado que podem tudo. Desrespeitar as leis. Mentir. Roubar. Difamar. E permanecerem ilesos, enquanto o povo luta dia a dia pela sobrevivência. Por isso, há muito existe no peito do povo um reprimido sentimento de revanche contra essa gente poderosa, indigna e imoral, que não relutou ontem e não reluta hoje em entregar o país a quem quer que seja, desde que lhe seja reservada uma parte.
Para manter o Poder, essa elite não titubeia em utilizar os cadáveres da tragédia do jato da TAM para desestabilizar um governo popular, que fez em pouco mais de quatro anos, o que não se fez nos últimos 40 pela população mais pobre deste País.

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O guardião do espaço...

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No meu local de trabalho num dos raros momentos de calmaria. O clik é do companheiro Claudionor Santana

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Jornalista e escritor, com passagens por jornais como Última Hora, Jornal do Commercio, O Dia e O Globo, atualmente sou Assessor de Comunicação do Sintergia (Sindicato que representa os trabalhadores do Setor Elétrico do Rio de Janeiro).