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terça-feira, 1 de julho de 2008

Cidade Maravilhosa, mas dividida

A reação do governador do Rio, Sérgio Cabral, aos assassinatos do jovem Daniel Duque, de 18 anos, em frente à boate Baronetti, em Ipanema, e do menino Ramon Fernandes Dominguez, 6 anos, baleado na Favela do Muquiço, em Guadalupe, por uma bala perdida, é ao mesmo tempo uma explicação e uma demonstração dos motivos do agravamento da violência na “Cidade Maravilhosa”.
Enquanto defende o envio sistemático de “caveirões” para combater o tráfico em comunidades carentes e não se pronuncia pela vitimação de inocentes como a do garoto Ramon, Cabral recebeu a mãe de Daniel e se mostrou indignado pela forma como o rapaz foi assassinado, exigindo a apuração imediata e a punição do policial militar autor do disparo. Sobre o assassinato de Ramon, o governador manteve um silêncio assustador para os milhões de habitantes empobrecidos da cidade.
Enquanto isso, Ramon foi enterrado nesta terça-feira (1º de julho de 2008), às 13 horas, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Oeste, sob o silêncio criminoso da grande imprensa e do governador, que já afirmou em diversas ocasiões que vai manter a política de repressão que atinge inocentes nas favelas e nos morros cariocas.
Com tais atitudes, Cabral dividiu a Cidade Maravilhosa em duas e deixou um aviso para meliantes, traficantes, policiais e milicianos: a morte de inocentes nas zonas empobrecidas da cidade não terão repercussão, mas se alguém da classe média alta moradora preferencial da Zona Sul for atingido, a reação governamental vai ser imediata e contundente!
Obviamente, este discurso vai mudar em 2010, quando Cabral vai ser candidato. Ou à reeleição ao governo do Rio ou à presidência da República porque, afinal, ele precisa dos votos dessa gente empobrecida para se eleger.
Mas o episódio deixa uma dura lição para a camada empobrecida do Rio. Caiu a máscara! Cabral está mostrando ao que veio e quer estabelecer um corredor de proteção em volta da Zona Sul, enquanto estende as máquinas do terror sobre as comunidades carentes.
A política de segurança pública de Cabral é mortífera e inconseqüente quando se trata de populações carentes. Ele e seu fiel escudeiro que cuida da segurança pública para as camadas mais ricas e da insegurança generalizada quando se trata de populações empobrecidas por décadas de políticas equivocadas que tratam de forma diferenciada as diferenças sociais que são gritantes no Rio.
Para as comunidades carentes, o único contato com o Estado é através do “caveirão” e do aparelho repressor que foi endeusado no filme Tropa de Elite.
Daniela Duque, mãe de Daniel, está sob os holofotes da grande imprensa que subliminarmente enviam a mensagem: não toquem nos meninos de olhos azuis da Zona Sul, enquanto a mãe de Ramon continua anônima, sofrida, guardando na garganta um grito de dor e de revolta.
Definitivamente, Cabral dividiu o Rio. E os reflexos da continuação de políticas equivocadas em relação ao problema da violência na cidade, são e continuarão a ser sentidos por décadas. Quem sobreviver, verá!

O guardião do espaço...

O guardião do espaço...
No meu local de trabalho num dos raros momentos de calmaria. O clik é do companheiro Claudionor Santana

Quem sou eu

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Jornalista e escritor, com passagens por jornais como Última Hora, Jornal do Commercio, O Dia e O Globo, atualmente sou Assessor de Comunicação do Sintergia (Sindicato que representa os trabalhadores do Setor Elétrico do Rio de Janeiro).