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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A tragédia do UP-171


O cuidado com que a Globo vem tratando a tragédia do trem de prefixo UP-171, em Austin, é diametralmente oposto ao açodamento com que culpou o Governo no episódio da tragédia do avião da TAM, em São Paulo. Até agora foram contabilizadas oito vítimas fatais e 111 feridos, mas a mídia não tem repercutido o sentimento de medo que tomou conta da população de baixa renda que tem no trem seu único e factível meio de transporte.
A solitária voz do presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Valmir de Lemos, o Índio, tem ocupado parco espaço na mídia, que ainda não tem explicações para um acidente que aponta para dois culpados: falhas na sinalização e defeito nos equipamentos. Nenhum órgão da imprensa tupiniquim teve peito de divulgar os nomes dos responsáveis pela sinalização e/ou pelos equipamentos.
Existe, também, uma diferença sócio-econômica flagrante. Em São Paulo, os passageiros do avião eram todos de classe média para cima. Em Austin, distrito do distante município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, todos eram operários, desempregados, gente humilde que não tem voz na grande imprensa.
Enquanto em São Paulo a mídia reclamava acomodações e transporte para os parentes das vítimas, em Austin os trabalhadores que residem nas estações que a sucedem terão de se virar por conta própria. O sentimento de justiça social, pelo visto, anda longe da grande imprensa. Sem direito a voz na mídia, muitos trabalhadores terão de andar quilômetros a pé até Comendador Soares, enquanto a situação não for reparada.
A tragédia só não tomou proporções ainda piores porque o acidente ocorreu às 16h09min. Se tivesse ocorrido no horário de pico (com saída da Central do Brasil entre as 17h30min e as 20 horas) o número de feridos e vítimas fatais seria infinitamente maior.
Se você pensa em acompanhar o desenvolvimento das investigações, desista!
Como os envolvidos são todos da periferia, a grande imprensa logo vai encontrar outra tragédia para vender mais jornais e os mortos e feridos no acidentes do UP-171 serão esquecidos como objetos descartáveis.
Os culpados continuarão a tomar seus uísques à beira de piscinas confortáveis, sem sentimento de culpa. Afinal, o que contam pobres operários e homens e mulheres desempregados à procura de colocação num mercado de trabalho cada vez mais seletivo e excludente?

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

A volta de Djavan

Djavan surgiu lá pelos meados de 1975, no Festival Abertura, quando mostrou a inesquecível "Fato Consumado", sucesso até hoje e regravada no Brasil e no exterior. O sucesso foi consolidado com "Flor de Lis", que continua sendo número obrigatório em todos os seus shows. Com o sucesso do primeiro LP, quiseram rotulá-lo como um novo "sambista", mas ele odeia rótulos e preferiu mostrar suas criatividade e diversidade em discos já antológicos como "Luz", no qual apresentou de uma só vez sucessos como "Samurai" e "Pétala".
Os sucessos foram se sucedendo, mas Djavan adotou uma postura ousada e não se rendeu à indústria fonográfica, preferindo lançar seus CDs de dois em dois anos, escapando da armadilha do CD anual, que pode render mais lucros para a gravadora, mas na maioria dos casos empurra o artista para repetições enfadonhas e repetições de um modelo pré-determinado.
Em 2004, Djavan ousou mais uma vez e lançou uma produção independente, o CD "Vaidade" que praticamente não tocou nas rádios, demonstrando que a história do jabá é uma realidade, mesmo quando se trata de um ícone do porte de Djavan.
Agora, três anos depois, ele anuncia através de seu site (http://www.djavan.com.br/) o lançamento do CD "Matizes" e disponibiliza on line o single "Pedra" em que ele demonstra que a criatividade, ousadia e suíngue continuam afinados.
Ainda não sei se a produção é independente ou vem através de alguma gravadora. Só espero que para o bem de seus inúmeros fãs, as FMs toquem Djavan, que está entre os melhores da MPB e consegue nesse mundo confuso da música escapar de rótulos e ser único.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Algumas do futebol carioca

BOTAFOGO
Depois do inferno astral iniciado com a descoberta do "doping" de Dodô, continuado com as seguidas falhas de Júlio César e complicado ainda mais com o afastamento do habilidoso Zé Roberto, finalmente o Botafogo fez as pazes com a vitória, numa semana em que derrotou o Corinthians por 3 x 1 pela Sul Americana e o Atlético Mineiro, fora de casa e de virada por 2 x 1.
FLAMENGO
E finalmente, depois de 21 rodadas o Flamengo saiu da zona de rebaixamento. Pelas ruas, é inevitável sentir o cheiro de naftalina das camisas antes guardadas nos armários, diante da vergonha de um time que se perdia na defesa, era inoperante no meio de campo e inexistente no ataque. As chegadas de Roger, Ibson e, principalmente, do argentino Maxi (primo de Messi) deram novo ânimo ao time. Na quarta-feira (29 de agosto) os rubronegros vão enfrentar o time do Botafogo. Prenúncio de casa cheia e de jogão, já que nas últimas partidas entre os dois times o resultado foi sempre empate.
VASCO
E quando todo mundo apostava na ascensão do time, o Vasco empatou com o Sport em 0 x 0. Apesar do jogo ter sido realizado fora de casa, esperava-se mais do time que, se vencesse, estaria na cola do São Paulo.
FLUMINENSE
Renato Gaúcho sempre foi sinônimo de polêmica quando era jogador. Agora, como técnico, esperava-se mais equilíbrio dele, mas não é o que tem acontecido. Sob a proteção da imprensa, Renato coloca a culpa das derrotas ou nos jogadores ou nos árbitros. No empate em 1 x 1 com o Grêmio, no último sábado, não foi diferente e o técnico tricolor fez duras críticas ao árbitro da partida, Paulo César de Oliveira, da Federação Paulista. O incrível é que o endeusado "técnico" Renato Gaúcho deixou um Vasco desmotivado que cresceu, e muito, sob o comando de Celso Roth. Chegou ao Fluminense e ganhou o título da Copa do Brasil com um time montado por Joel Santana e, agora, que tenta impor sua "filosofia" o time desanda. Afinal de contas, Renato já provou que é um bom técnico de futebol?

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sindicato faz Congresso para poucos

Recebi do companheiro Fernando Paulino texto em que ele de forma brilhante retrata o que vem acontecendo atualmente no outrora democrático Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. A atual diretoria resolveu realizar o VI Encontro de Jornalistas em Assessoria de Comunicação do Rio de Janeiro (VI Enjac) no Hotel Vila Real, em Itaipava e encontrou uma forma nada sutil de limitar a participação no evento. Estabeleceu como taxa mínima de inscrição a bagatela de R$ 450,00! Ou a atual diretoria do Sindicato está completamente alienada em relação à realidade da categoria ou agiu de má fé no sentido de realizar um encontro excludente e discriminatório.
Mas deixo para a análise de vocês o texto de Fernando Paulino que retrata bem a situação como você pode ver abaixo:

A Comunicação está na ruas !

Mais um encontro de jornalistas marcado pela exclusão social. De 24 a 26 deste mês de agosto, no Hotel Vale Real, em Itaipava, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro promove o VI Encontro de Jornalistas em Assessoria de Comunicação do Rio de Janeiro – o Enjac. De acordo com a divulgação do Sindicato, "o hotel tem suítes com TV e telefone, além de business center e internet wireless; 500 mil m2 de área verde para caminhadas ecológicas; área de recreação infantil, saunas e spa de hidromassagem, quadras de tênis e estacionamento com manobrista". Mas, pouca gente vai.
A taxa mínima de inscrição é de R$ 450,00 – para jornalistas não sindicalizados ou estudantes que se inscreveram depois de 3 de agosto, a participação no evento sai pela bagatela de R$ 540,00! Vale lembrar: no Congresso Nacional Extraordinário dos Jornalistas, realizado em Vitória, no Espírito Santo, no início de agosto, organizado pela Fenaj, a taxa de inscrição variou de R$ 150,00 a R$ 200,00. Mesmo assim, houve protesto contra os altos custos do evento.
Qual deveria ser o objetivo principal de encontros sindicais de jornalistas? Socializar o debate, garantir a pluralidade das idéias, abrir-se à participação de um maior número de profissionais, professores e estudantes do setor. Mas, a esse preço, fica difícil.
O fato é que tanto a Fenaj como o Sindicato estabeleceram um critério preliminar de participação: a seleção econômica. Desta forma, a maioria da comunidade do setor da Comunicação Social fica de fora. Conseqüência disso é que ações discriminatórias como essa ajudam a aprofundar o fosso Imprensa-Sociedade. Cada vez mais, diversos grupos sociais vêm discutindo o papel dos meios de Comunicação, apresentando idéias, querendo interagir, questionando a criminalização da pobreza exposta em várias manchetes de jornais e, sobretudo, buscando o diálogo com os profissionais do Jornalismo. Mais uma vez, perde-se uma oportunidade de interação social.
Há, porém, tempo para recuperar esse necessário trabalho conjunto Sociedade-Imprensa. Basta que os jornalistas exijam da direção do Sindicato do Rio o restabelecimento dos trabalhos da Comissão dos Assessores de Imprensa, de forma autônoma, como acontecia há alguns anos e que permitiu a participação atuante e propositiva dos profissionais cariocas em diversos fóruns de debates. A própria Comissão dos Assessores, uma vez restabelecida, poderá discutir formas que garantam a participação de mais jornalistas nos encontros da categoria.
Afinal, a quem interessa esse esquema Sindicatos/Fenaj SA?

Agosto 2007

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Quilombo da Pedra do Sal luta por reconhecimento

A Associação da Comunidade Remanescente do Quilombo Pedra do Sal (ArqPedra) luta pela titulariedade e regularização da área localizada na zona portuária do Rio de Janeiro, mas enfrenta forte oposição da Venerável Ordem Terceira (VOT), que contesta a ArqPedra e já conseguiu o despejo de alguns moradores da comunidade, que lutam pela reintegração e, ainda, pela construção no local de um Museu para preservar a cultura quilombola.
No próximo domingo (dia 26 de agosto) os quilombolas distribuem carta aberta à população local para acabar com o mal estar causado por reunião convocada pela VOT, em que esta acusou os quilombolas de quererem o fechamento das escolas locais. Veja a íntegra da carta aberta abaixo:
CARTA ABERTA
Aos moradores da Zona Portuária

A Associação da Comunidade Remanescente do Quilombo Pedra do Sal (ArqPedra) vem a público esclarecer a polêmica que atualmente envolve o processo de reconhecimento histórico da Pedra do Sal tombada provisoriamente em 20 de novembro de 1984 e definitivamente em 27 de abril de 1987, reconhecida e certificada pela Fundação Cultural Palmares como remanescentes das comunidades de Quilombo.

1) Existe farta documentação comprovando o papel histórico desempenhado pela Pedra do Sal, e a base legal para a sua regularização pode ser encontrada na Constituição Federal de 1988 (arts. 68 ADCT, 215, parágrafo 1° e 216, I a V, parágrafo 1° e 5°; Decreto Federal n° 4887/03; Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada no Brasil através do Decreto Legislativo n°143/2002; Instrução Normativa n° 20, de 19/092005 do INCRA; Lei Federal sobre o Patrimônio da União (Lei 9.636/98); Lei Nacional de Gerenciamento Costeiro (Lei 7.661/88); Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001) arts. 2°, XIV e 4° alínea f; Lei Estadual/RJ n° 2471/95; Resolução n° 34 do Conselho Nacional das Cidades (art. 5°); e Decreto Federal n° 5051/04.
2) Diante disso, a negação da existência do Quilombo da Pedra do Sal por parte da Venerável Ordem Terceira (VOT) é a negação de que houve escravidão nesse País, relegando-se a história do Brasil a uma ficção;
3) A titularização e regularização da comunidade de remanescentes de quilombo não coloca em risco o direito de nenhum morador e muito menos afeta o funcionamento das escolas locais;
4) Hoje, um grupo de famílias remanescentes do Quilombo resistem, mas muitas outras foram despejadas através de ações judiciais que estão sendo contestadas na Justiça;
5) Ao contrário do que se tem propagado, o quilombo não quer desapropriar moradores e proprietários dos imóveis da área e, sim, prevê um espaço de reafirmação da cultura negra dentro da comunidade com a construção de um Museu Afro-Brasileiro e de Ensino Portuário;
6) De forma fraterna e pacífica, a ArqPedra vem defendendo o direito dos quilombolas sem atacar a nenhuma instituição ou pessoa, mas somente tentando resgatar um compromisso histórico da Nação para com a comunidade negra;
7) Infelizmente, matéria no jornal “O Estado de São Paulo” confirma que aconteceu uma reunião em 10 de julho de 2007 em que o Frei Eckart Hofking disse que “a obra social estava ameaçada”, e o jornal reproduz depoimento de uma moradora que ficou temerosa de que seus filhos perdessem a escola. Isso constrange o trabalho desenvolvido pelos remanescentes em favor da comunidade, seja através do encaminhamento de jovens para cursos profissionalizantes seja no atendimento dos seus problemas diários, que vão da internação de pessoas adoentadas à defesa diante de problemas sociais; e
8) Esperamos que preveleça a verdade e que todas as entidades envolvidas defendam projetos de inclusão como faz a ArqPedra, que luta somente para manter vivas a história e o espírito de um povo com reparações e ações afirmativas através da Educação, cidadania e cultura.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Projeto reduz tarifas bancárias

Já está em análise no Congresso o Projeto de Lei 551/07 da deputada Perpétua Almeida que proíbe a cobrança de serviços bancários de aposentados e pensionistas da Previdência Social cuja renda não ultrapasse dois salários mínimos.
O texto proíbe a cobrança dos seguintes serviços: abertura, movimentação e manutenção de conta e permite uma consulta diária de saldo, uma consulta de extrato, fornecimento de até 20 folhas de cheque por mês e uma transferência semanal de recursos, via ordem de crédito, entre instituições financeiras.
Para que se tenha uma idéia de quanto os bancos faturam com tarifas, estudo comprova que de 1994 a 2006 a receita das instituições financeiras com a prestação de serviços cresceu 1.017%, um absurdo!
Todo cidadão deve estar ligado e pressionar pela aprovação imediata do projeto, que, no mínimo, limita os ganhos extraordinários dos bancos.

Caos na saúde de Alagoas

Em greve há 85 dias, os médicos de Alagoas pediram demissão coletiva em reação à decisão da Justiça, que determinou a volta imediata ao trabalho e estabeleceu multa diária individual de R$ 100,00.
Na briga entre médicos grevistas, o Estado e, agora, a Justiça sobra para a população, que fica sem atendimento na área de saúde e não tem a quem recorrer.
É um típico caso de caos que beira à loucura, enquanto a grande imprensa não faz a sua parte e não noticia detalhadamente quais são as reivindicações dos grevistas, porque a situação chegou a esse ponto e tenta de todas as formas desqualificar os médicos, retratando-os como irresponsáveis.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O golpe do cartão de débito clonado

Segundo dados da Associação Comercial do Rio de Janeiro, os pagamentos em dinheiro vivo estão com os dias contados e a cada dia aumenta a utilização dos cartões de débito.
Só que junto com esse aumento também estão se tornando comuns as clonagens dos mesmos. Se você, como eu, fez do cartão de débito seu principal meio de pagamento, preste atenção no que se segue:
O golpe geralmente é feito da seguinte maneira: o atendente do estabelecimento comercial (lojas em geral, postos de gasolina, supermercados, barzinhos, botecos, danceterias, lojas de conveniência etc.) muito solítico traz a maquininha para que você digite a sua senha. Só que ele tapa o visor e você termina a operação. Em segundos, ele volta e diz que você digitou a senha errada. Você digita a senha mais uma vez, confirma e o atendente diz que desta vez tudo correu bem.
Mas cuidado! Veja como o golpe é aplicado:
O atendente cobre o visor porque não digitou o valor da sua compra ou seu gasto. Assim, quando você digita sua senha, ela aparece no visor, dando chance de que ela seja copiada. De posse de sua senha e do número do cartão (que fica registrado na bobina) a quadrilha (geralmente o atendente é só a ponta de um grupo) faz despesas em seu nome que caem direto na sua conta.
Por isso, antes de digitar sua senha verifique se seu débito foi registrado e olhe no visor para ver se sua senha está aparecendo (o correto é aparecerem asteriscos em vez da senha) e só então confirme.
Fique de olho! Porque esse golpe é muito mais comum do que você imagina!

20 anos sem Drummond

Os versos precisos, a fina ironia e a criatividade incomparável do poeta Carlos Drummond de Andrade nos deixaram há exatos 20 anos, em 17 de agosto de 1987. Mineiro de Itabira, nasceu em 31 de outubro de 1902, mas viveu a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro, onde chegou em 1934, como funcionário público transferido de Minas. Pois é, Drummond teve de conciliar a literatura com a labuta diária porque no Brasil poucos escritores sobrevivem somente de literatura. Tudo que pode ser dito já o foi a respeito de Drummond, por isso deixo nesse espaço um dos inúmeros poemas imortais que nos legou. Esse, é o meu preferido:

Os Ombros Suportam o Mundo
Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Os versos acima foram publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Cadê a campanha por Thiago?

Infelizmente já se tornou comum. No último dia 15 de agosto, uma quarta-feira, a manicure Elisângela Ramos da Silva saiu de casa por volta do meio-dia com seu filho Thiago para deixá-lo com a avó e, em seguida, levar os outros três filhos para a escola. Mas não conseguiu chegar a seu destino.
No caminho, viu-se no meio de um tiroteio entre traficantes e policiais. Elisângela foi morta pela mesma bala que atingiu Thiago na testa. O menino está internado em estado grave no Hospital Salgado Filho, no Méier. Como sempre, vão ficar discutindo se a culpa é dos traficantes ou dos policiais. Como quase sempre, o caso vai cair no esquecimento após algum tempo.
O caso aconteceu na Favela do Jacarezinho, e por isso até o momento não se viu nenhuma campanha classificando quem matou Elisângela de "monstros".
Moradores que assistiram à cena contam que baleado na testa Thiago gritava: "Levanta, mamãe!"
É preciso que todos nós gritemos pelo direito de cidadãos andarem livremente pelas ruas, sem o perigo de serem vitimados por balas dirigidas pela truculência dos traficantes ou pela falta de preparo dos policiais.
Cadê a campanha por Thiago?

Os direitos dos presos e os nossos

O Supremo Tribunal Federal anulou processo e a condenação por causa do interrogatório feito por videoconferência. No entendimento do STF o interrogatório por videoconferência viola os princípios constitucionais do devido processo legal e da ampla defesa. Agora, a ação vai retornar a origem para novo processamento com interrogatório ao vivo e a cores. O réu deve ser novamente processado.
Tal decisão acontece depois que todos nós vimos pela televisão o verdadeiro aparato utilizado para que o traficante Fernandinho Beira-Mar fosse ouvido num dos muitos processos a que responde no Rio de Janeiro. Foram milhões de reais do dinheiro público arrecadado através dos impostos e pagos pela população.
Claro que é importante que os tribunais zelem pelos direitos de todos. Mas quem neste país vai garantir aos cidadãos de bem o direito de ir e vir em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, onde a população há muito tempo vive sitiada em casa, sem direito a lazer e diversão, vivendo sob o domínio do medo, enquanto dos presídios os marginais ordenam seqüestros, assassinatos e outros delitos?

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Pais integrais

No Dia dos Pais, a Praia de Copacabana foi palco de uma manifestação de um grupo de pais interessados em conviver mais com seus filhos. Inspirados no movimento inglês "Fathers of Justice" os manifestantes garantem que não querem brigar com a Justiça, mas dizem que pretendem diminuir a distância entre pais e filhos e defendem a guarda compartilhada.
Certamente, entre a Justiça e os pais, em primeiro lugar devem estar os direitos das crianças, que precisam ter pais integrais para um desenvolvimento harmônico e equilibrado.

O desespero tucano

Não se podia esperar do sociólogo Fernando Henrique Cardoso a grosseria de dizer que "Lula é quem entende de álcool". Para um oposicionista "qualificado" como FHC, chega a ser ridículo e também é uma consagração do Governo Lula. Se até FHC reconhece a qualidade do Governo do presidente operário e apela para baixarias para atacá-lo, convenhamos que Lula tá batendo um bolão.

É apenas futebol?

A crônica esportiva brasileira está devendo, principalmente a TV Globo. O jogo Botafogo x Figueirense, realizado no último domingo (12-08-2007) foi decidido por erros da arbitragem. No primeiro, o árbitro marcou jogo perigoso num lance acontecido dentro da área do Figueirense, quando um zagueiro do Figueirense atropelou literalmente o atancante Jorge Henrique do Botafogo. No segundo, validou um gol em impedimento claro contra o time carioca.
O pior de tudo foi o comentário de Tadeu Schmidt no "Bom dia, Brasil" de hoje. Segundo o nobre repórter Global, "o Botafogo tem dado azar". Sei não, Tadeu, quando um juiz decide um jogo com dois erros grosseiros, isso tem um nome bem diferente: incompetência!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Eu ainda acredito!

Eu estou convencido de que poderemos fazer um mundo melhor.
E por muitos motivos.
Talvez um deles seja você.
Você mesmo, com todas as contradições, sonhos, esperanças, medos e certezas.
Afinal, nós, seres humanos, somos assim.
A chave da convivência é não exigir dos outros
A perfeição que não temos.
Claro, existem distâncias que não podem ser percorridas.
Aquelas que separam o erro da falha de caráter
O medo da subserviência e a esperança da desistência.
Somos sobreviventes, tenho certeza, acreditamos num mundo melhor.
Por isso, amigo, discordaremos, às vezes,
Mas seremos parceiros, sempre,
Quando estiverem em jogo a vida, a solidariedade
E a esperança num mundo justo
Em que a igualdade ainda esteja longe,
Mas em que a diferença entre ricos e pobres
Não signifique a distância entre exibir, esbanjar e ultrajar
E definhar, rastejar e mendigar.
Enfim, em que o espírito humano,
Que ressalta nosso lado melhor,
Solidário, sensível e comprometido com o outro
Passe a ser uma constante em nossas vidas.
E que a esperança de um mundo melhor
Se concretize, com a colaboração de cada um de nós.

Eu continuo sendo um passageiro da esperança!

Brasil, um país possível

O Brasil é um exemplo cruel de desigualdade social, apesar dos avanços desses últimos quatro anos, quando o Governo do primeiro presidente operário da história brasileira investiu maciçamente no atendimento às comunidades mais carentes, com programas como o Bolsa Família e o Luz para Todos.
Nós, trabalhadores, temos enfrentado em todos os níveis uma luta contra um modelo neoliberal que despreza tanto a idéia de um Estado Nacional como as lutas populares, pregando mesmo o seu fim.
Nesse sentido, o movimento sindical tem evoluído na compreensão de que a antiga idéia de um socialismo que preconizava a abolição da propriedade privada e dos meios de produção, confundida na maioria das vezes com estatização total, aponta hoje para a construção de formas de propriedade privada sob controle estatal e, sobretudo, de mecanismos de regulação que possam direcionar o crescimento da economia em benefício da maioria.
Hoje, alguns desafios estão em pauta e ganham destaque midiático:
Meio Ambiente
Na contramão do projeto neoliberal e de suas concepções tradicionais de desenvolvimento, os movimentos sociais conseguiram colocar na pauta das principais nações do mundo a questão do meio ambiente e o Brasil não pode ficar de fora nessa história.
Questões como o aquecimento global, novas formas de geração de energia, proteção da biodiversidade e patrimônio genético entraram na pauta de discussão em todo o planeta, preocupando tanto aos países mais ricos do mundo como aos países em desenvolvimento, porque terão influência na sobrevivência do mundo.
Luta Sindical
O mundo do trabalho tem passado por diversas transformações, algumas visíveis e outras ainda ocultas pela incapacidade de fiscalização do Estado.
A automação causou grande impacto sobre o número de trabalhadores em atividade, sem dar resposta à sociedade às suas conseqüências imediatas, entre elas o aumento do desemprego e da informalidade da economia.
Diante desse panorama, ganham espaço na pauta sindical temas como a redução da jornada de trabalho e as modificações qualitativas das condições e dos locais de trabalho, contrapondo ao modelo neoliberal — que só visa o lucro imediato — a visão de que a valorização da vida e o conceito de responsabilidade social ganham importância a partir de tais mudanças.
O Brasil é hoje referência no novo quadro mundial devido às suas riquezas naturais e à posição de destaque da Amazônia como repositório da biodiversidade.
A agenda sindical não pode se prender às bandeiras dos anos 80, mas deve ser atualizada permanentemente, em busca da garantia de que a força de trabalho seja considerada sempre que se pensar em avanços econômicos, que não podem prescindir dos aspectos sociais.
O Brasil é o país do futuro e a classe trabalhadora tem que estar entre as prioridades de sua agenda de desenvolvimento.

No Rio, Educação continua em crise

Mais uma vez, os professores da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro ameaçam entrar em greve. Mais uma vez, a reivindicação é por salários justos. Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE), hoje o piso salarial de R$ 431,00 é um dos mais baixos do país. Ainda segundo o SEPE, a Educação está há mais de 11 anos sem reajuste.
Vale registrar que nesse período, todos os anos os professores entram em greve. Em alguns casos por seis meses ou mais, sem que as aulas sejam repostas e sem que os alunos tenham direito a qualquer tipo de defesa.
O Estado paga mal. Os professores entram em greve. Os alunos sofrem os prejuízos e parece que no País não existe ninguém capaz de arbitrar o conflito entre professores e Estado, garantir o direito dos alunos à Educação e, o fundamental, preparar nossos futuros cidadãos.
A reivindicação dos professores é justa, sem dúvida. Os sucessivos governos não explicam porque pagam tão mal aos profissionais de ensino. E as grandes vítimas continuam sendo os alunos, penalizados por professores e Estado, sem direito a uma Educação que lhes permita ter um futuro melhor.
Está na hora de sindicalistas, professores, alunos, pais e políticos encontrarem uma solução que garanta aos jovens, em sua maioria de baixa renda, o direito de completarem o 2º Grau e terem acesso a uma faculdade que lhes abra a porta do conhecimento e da esperança.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Ética na política

A imprensa brasileira tem-se mostrado rápida no gatilho. Publique-se primeiro e apure-se depois.
Ao primeiro sinal de que há algo de errado na biografia de uma figura pública, avidamente um jornal publica a manchete escandalosa e é seguido imediatamente pelos demais. O caso do presidente do Senado, Renan Calheiros, é emblemático. Primeiro, descobriu-se a sua infedelidade. Como o caso rendeu a venda de mais jornais, foi-se estendendo e é preciso ter novidades diariamente.
Com o foco das lentes voltado para o Senado, todo mundo quer aparecer. A cada dia, uma excelência se alterna à frente das lentes com um ataque a Renan. Afinal, ele é a bola da vez e atacá-lo significa valiosos segundos nas principais redes televisivas.
Afinal de contas, se existem tantas provas concretas contra Renan, por que até hoje não foi iniciado o processo de impeachement?
Enquanto as denúncias se multiplicam, a população vai perdendo a crença nas instituições e Renan continua presidente de um Senado a cada dia mais desmoralizado e acéfalo.
Faltam critérios claros, denúncias consubstanciadas e justiça. Sobram desvarios e irresponsabilidade.
E no meio disso tudo fica uma pergunta: quem representa, com dignidade, o povo brasileiro?

Arquivo do blog

O guardião do espaço...

O guardião do espaço...
No meu local de trabalho num dos raros momentos de calmaria. O clik é do companheiro Claudionor Santana

Quem sou eu

Minha foto
Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Jornalista e escritor, com passagens por jornais como Última Hora, Jornal do Commercio, O Dia e O Globo, atualmente sou Assessor de Comunicação do Sintergia (Sindicato que representa os trabalhadores do Setor Elétrico do Rio de Janeiro).