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quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Era apenas uma nuvem?

A falta de tempo é o grande problema do homem moderno.
Falta tempo para estudar, se aprimorar, lembrar do aniversário do amigo, levar os filhos para passear, ler aquele livro que até já saiu de moda, assistir aquele filme que todo mundo diz que é o máximo, enfim se reciclar, se divertir, viver!
E, de repente não mais que de repente, o homem moderno percebe que a mulher amada envelheceu, ganhou rugas, perdeu o viço e se distanciou dele de uma maneira sutil e incontornável, apesar de ainda viver com ele.
Os filhos cresceram, já são adultos e trilham seus próprios caminhos e já não querem ser levados a passeios, mas querem ver no pai um parceiro para projetos futuros.
Os amigos mudaram tanto, mas tanto que ele quase não os reconhece.
Os livros permanecem na estante (aqueles que ele comprou e não leu) e há outros a comprar, mas cadê tempo pra ler?
Os filmes que ele perdeu já saíram de cartaz. Comprou alguns em DVD, mas não é a mesma coisa, falta o calor humano das salas de exibição.
E aí o homem moderno, que resolveu, finalmente, tirar férias para fazer um balanço, percebe que não vai recuperar o tempo perdido.
Sozinho no jardim de sua casa (os filhos saíram para trabalhar e a esposa está participando de um congresso sobre OVNIs) ele continua olhando para o céu onde as nuvens parecem ser sempre as mesmas, mas tomam formas surpreendentes a cada instante.
Ele pensa consigo mesmo que as nuvens sempre estarão lá. Como o céu, o sol, a lua e os demais astros.
Mas uma nuvem em particular chama sua atenção. Ela ficou estática durante certo tempo sobre sua cabeça. Até que de repente começou a se movimentar e a se transformar.
Nessa nuvem ele viu-se menino, adolescente, jovem e maduro, envolvido pelos raios do sol e por nuances de um azul que era mar e se dissolvia como por encanto transformando-se em seres que povoaram seu passado e se foram levados pelo tempo, como aquela nuvem que, num segundo se foi.
Era apenas uma nuvem?
O homem moderno levantou-se. E desta vez disposto a mudar seu destino. A transmudar-se como aquela nuvem. A viver!

Um comentário:

Petra Constantino disse...

Que belo isso!

E o tempo que se encarrega de transformar o novo em velho não teve poder de fazer com que o homem deixasse de ser moderno... Que bom isso, não! O tal homem continuou consciente do seu presente e de todo o potencial que este presente possui. Assim, se renova e permanece moderno. Tono a expressar que realmente gostei disso!

O guardião do espaço...

O guardião do espaço...
No meu local de trabalho num dos raros momentos de calmaria. O clik é do companheiro Claudionor Santana

Quem sou eu

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Jornalista e escritor, com passagens por jornais como Última Hora, Jornal do Commercio, O Dia e O Globo, atualmente sou Assessor de Comunicação do Sintergia (Sindicato que representa os trabalhadores do Setor Elétrico do Rio de Janeiro).