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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A tragédia do UP-171


O cuidado com que a Globo vem tratando a tragédia do trem de prefixo UP-171, em Austin, é diametralmente oposto ao açodamento com que culpou o Governo no episódio da tragédia do avião da TAM, em São Paulo. Até agora foram contabilizadas oito vítimas fatais e 111 feridos, mas a mídia não tem repercutido o sentimento de medo que tomou conta da população de baixa renda que tem no trem seu único e factível meio de transporte.
A solitária voz do presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Valmir de Lemos, o Índio, tem ocupado parco espaço na mídia, que ainda não tem explicações para um acidente que aponta para dois culpados: falhas na sinalização e defeito nos equipamentos. Nenhum órgão da imprensa tupiniquim teve peito de divulgar os nomes dos responsáveis pela sinalização e/ou pelos equipamentos.
Existe, também, uma diferença sócio-econômica flagrante. Em São Paulo, os passageiros do avião eram todos de classe média para cima. Em Austin, distrito do distante município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, todos eram operários, desempregados, gente humilde que não tem voz na grande imprensa.
Enquanto em São Paulo a mídia reclamava acomodações e transporte para os parentes das vítimas, em Austin os trabalhadores que residem nas estações que a sucedem terão de se virar por conta própria. O sentimento de justiça social, pelo visto, anda longe da grande imprensa. Sem direito a voz na mídia, muitos trabalhadores terão de andar quilômetros a pé até Comendador Soares, enquanto a situação não for reparada.
A tragédia só não tomou proporções ainda piores porque o acidente ocorreu às 16h09min. Se tivesse ocorrido no horário de pico (com saída da Central do Brasil entre as 17h30min e as 20 horas) o número de feridos e vítimas fatais seria infinitamente maior.
Se você pensa em acompanhar o desenvolvimento das investigações, desista!
Como os envolvidos são todos da periferia, a grande imprensa logo vai encontrar outra tragédia para vender mais jornais e os mortos e feridos no acidentes do UP-171 serão esquecidos como objetos descartáveis.
Os culpados continuarão a tomar seus uísques à beira de piscinas confortáveis, sem sentimento de culpa. Afinal, o que contam pobres operários e homens e mulheres desempregados à procura de colocação num mercado de trabalho cada vez mais seletivo e excludente?

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O guardião do espaço...

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No meu local de trabalho num dos raros momentos de calmaria. O clik é do companheiro Claudionor Santana

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Jornalista e escritor, com passagens por jornais como Última Hora, Jornal do Commercio, O Dia e O Globo, atualmente sou Assessor de Comunicação do Sintergia (Sindicato que representa os trabalhadores do Setor Elétrico do Rio de Janeiro).