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sexta-feira, 14 de março de 2008

Marinha libera arquivos sobre o Almirante Negro

Num país que se diz democrático, é incrível o obscurantismo que até pouco tempo cercava a trajetória de João Cândido Felisberto (o Almirante Negro) nos arquivos da Marinha. Reportagem de Marcelo Beraba, da Sucursal da Folha no Rio, joga um pouco de luz sobre esta história:

Marinha liberou, após 97 anos, documentos referentes ao marinheiro de 1ªclasse João Cândido Felisberto (1880-1969), o "almirante negro", líder da Revolta da Chibata, e ajudou a localizar sua ficha no Arquivo Nacional. Osdocumentos agora tornados públicos só haviam sido consultados por oficiais e historiadores da Marinha e usados para corroborar a versão oficial do episódio que acabou com os castigos corporais nos navios de guerra. A liberação é um fato novo. Durante todo este tempo, os pesquisadores e os filhos de João Cândido esbarraram em negativas da Marinha, que jamais aceitou a elevação dos revoltosos à condição de heróis. O próprio JoãoCândido nunca conseguiu ter acesso à documentação. Em depoimento no MIS do Rio em 1968, ele reclamou:
"... os [arquivos] da Marinha são negativos, João Cândido nunca existiu na Marinha". O documento mais importante é a ficha funcional. João Cândido entrou para a Marinha como grumete em 10 de dezembro de 1895, chegou a ser promovido a cabo, mas depois foi rebaixado. Nos 15 anos em que permaneceu na Armada, ele foi castigado em nove ocasiões com prisões que variaram de dois a quatro dias em celas solitárias "a pão e água" e duas vezes com o rebaixamento de cabo para marinheiro. Não há registro, na sua ficha de 24 páginas escritas à mão, de que tenha sido espancado, como era comum. Extinto em 1889, logo após a Proclamação daRepública, o castigo físico foi restabelecido pelo Governo Provisório no ano seguinte. A rebelião dos marinheiros em 22 de dezembro de 1910 já vinha sendo alimentada ao longo destes 20 anos, mas só foi deflagrada depois que o marinheiro Marcelino Rodrigues foi punido com 250 chibatadas. A ficha de João Cândido registra dez elogios e uma promoção a cabo (1903), revogada definitivamente em 1907. O último elogio por bom comportamento é de setembro, três meses antes de liderar a rebelião. João Cândido participou de dezenas de manobras em toda a costa brasileira, navegou pelos rios das bacias do Amazonas e do Prata e esteve duas vezes em longas viagens pela Europa.
*Historiadores*
O mérito da revelação dos documentos e da ficha funcional de João Cândido se deve a uma equipe de cinco historiadores da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) encabeçada por Marco Morel, 47. Contratado pelo Projeto Memória da Fundação do Banco do Brasil para fazer uma pesquisa sobre o líder da revolta, Morel conseguiu autorização de um dos dois filhos vivos de João Cândido, Adalberto, para ter acesso aos documentos. O pedido foi baseado na lei 11.111 de 2005, que normatiza a liberação de documentos oficiais. O trabalho de pesquisa para o Projeto Memória está sendo feito junto com Tânia Bessone, também professora da Uerj, e três doutorandos. Uma delas, Silvia Capanema, descobriu na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, outra preciosidade: uma série de 12 artigos de memórias assinados por João Cândido publicados em 1912 na "Gazeta deNotícias". Falta digitalizá-los. Há algumas coincidências nesta história. João Cândido viveu as décadas que se seguiram à expulsão da Marinha em desgraça. Nem as empresas comerciais de navegação lhe davam emprego. Foi redescoberto pelo jornalista Edmar Morel (1912-1989), autor do livro que passou a identificar a rebelião: "A Revolta da Chibata" (1959). Edmar foi encontrá-lo como carregador no antigo mercado de peixes da praça15, no centro do Rio. De lá via bem próxima a Ilha das Cobras, onde esteve preso, foi torturado e quase morreu. A ilha abriga hoje, entre outras seções da Marinha, o Serviço de Documentação. O historiador Marco Morel é neto de Edmar Morel. Também jornalista no início da vida profissional, dedicou-se ao ensino e à pesquisa histórica. Sua especialização é o Brasil do século 19, mas, por causa do avô, interessou-se por João Cândido. Ele doou o acervo de Edmar Morel à Biblioteca Nacional.

quarta-feira, 12 de março de 2008

A vida entre a cadeira elétrica e as células-tronco

Enquanto no Brasil se discute sobre a possibilidade de se utilizar células-tronco em pesquisas com o objetivo de se salvar vidas humanas, nos Estados Unidos - mais precisamente no Estado de Nebraska - foram proibidas recentemente as execuções na cadeira elétrica, mas não a pena de morte em si. Richard C. Dieter, diretor-executivo do Centro de Informação sobre a Pena de Morte (instituição acadêmica com sede em Washington que não tem posição definida sobre a pena capital, disse que essa decisão também pode influir diretamente em um caso hoje sob exame da Suprema Corte americana a respeito da constitucionalidade da injeção letal como método de execução. No dia 8 de fevereiro, o Supremo Tribunal de Justiça de Nebraska, único Estado que ainda mantinha a cadeira elétrica como método de execução, determinou que este procedimento é “cruel”. Os 10 condenados que aguardam no corredor da morte não poderão ser executados até que o Estado decida se adota outra forma de aplicação da pena de morte, pois a cadeira elétrica era até o momento em que a sentença foi proferida o único aplicado no Estado.
“A evidência mostra que o ato de eletrocutar causa intensa dor e atroz sofrimento”, escreveu o juiz William M. Connolly na sentença do tribunal de Nebraska, aprovado por maioria.
Em 2007, a Assembléia Legislativa de Nebraska rejeitou outro projeto que abolia a pena de morte por apenas um voto.
Por aqui, apesar da onda de corrupção que assola o país, ainda se discute a vida.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Apenas um retrato na parede...

Simone olhou-se no espelho. Aos 35 anos era uma mulher espetacular, daquelas de parar o trânsito. Mas ela estava só, irremediavelmente só. Retocou o batom. Ajeitou a leg. Comprimiu os lábios e voltou a olhar-se no espelho. A roupa combinava. Os sapatos idem. Mas faltava alguma coisa, lembrou-se, pegando a bolsa sobre a cama. Conferiu se o celular estava carregado (ah! essas baterias!) e saiu. Já no corredor surgiu uma outra Simone. Esvoaçante, sorridente, envolvente mesmo. Olhou mais uma vez o relógio. Estava adiantada. (Não faz mal, disse pra si mesma) e prosseguiu chamando a atenção de motoristas, passantes, comerciantes, bancários e alquimistas. Não se conteve e soltou uma gargalhada quando um taxista brindou-a com um "poderosa"! Chegou ao destino, o mesmo barzinho de Laranjeiras onde conhecera Augusto. Conferiu novamente a hora: 19h30min. Estava adiantada, havia marcado às 20 horas. Ela pediu uma dose de Bacardi, depois outra, e outra e outra. Quem entrava, quem saía, o dono do bar (que já a conhecia) todos a olhavam, todos ansiavam por um sorriso, a correspondência aos seus anseios. O tempo passava e nada de Augusto. Até que lá pelas 21h30min o celular tocou. Era Augusto. "Não vou!" Ela não conseguiu responder. De forma automática levantou o braço pedindo a conta ao garçom. Passou o cartão. Levantou-se e saiu! Era mais uma noite quente no Rio. Ela chamou um táxi e voltou para casa. Não sem antes causar um alvoroço à porta do bar, onde todos procuravam o melhor ângulo para olhá-la e, quem sabe, roubar-lhe um olhar cúmplice. Ela não viu a paisagem no caminho até a Barra. Entrou no amplo apartamento que lhe coubera na partilha dos bens de sua separação de Augusto. Ela ainda o amava e tinha uma idéia fixa: matá-lo! Se não fosse seu, não seria de mais ninguém. Já perdera a conta dos inúmeros encontros marcados com Augusto. Ele faltara a todos. Ela só queria que ele comparecesse a um. Iria matá-lo e matar-se em seguida. Ela não se importara com a separação, não quis ficar com os filhos e garantiu uma pensão que lhe garantia o conforto. O que ela não perdoava é que Augusto a trocara por uma mulher de cintura roliça, cabelos curtos mal cuidados, feia mesmo! Despiu-se, olhou-se no espelho e, automaticamente, desviou o olhar para o retrato que mantinha na parede. Ela Augusto e o casal de filhos. Simone não perdoava Augusto porque a sua fortuna a cada dia aumentava e ele não se importou quando ela se envolveu com um policial, ou com um procurador da Justiça, nem quando posou nua para uma revista. Ele já não se importava! Olhando para si no espelho e para Augusto no retrato na parede, Simone compreendeu que odiava Augusto porque ele a tornara invisível.

O guardião do espaço...

O guardião do espaço...
No meu local de trabalho num dos raros momentos de calmaria. O clik é do companheiro Claudionor Santana

Quem sou eu

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Jornalista e escritor, com passagens por jornais como Última Hora, Jornal do Commercio, O Dia e O Globo, atualmente sou Assessor de Comunicação do Sintergia (Sindicato que representa os trabalhadores do Setor Elétrico do Rio de Janeiro).