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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A dinamite que implodiu o Vasco


Roberto Dinamite conseguiu se eleger como presidente do Vasco com a promessa de mudanças.

A primeira e mais estrondosa foi o rebaixamento do time para a Segunda Divisão.

Após este fracasso retumbante, Roberto mostrou que não veio pra mudar nada, pois sua primeira medida foi demitir o técnico, Renato Gaúcho. Igualzinho aos demais dirigentes esportivos.

À exemplo de Eurico, Roberto senta-se à tribuna de honra do Vasco e fica observando os jogos, exatamente igual ao seu antecessor. Só faltam os charutos.

Ontem, logo depois da eliminação do time, mais uma vez Roberto repetiu Eurico, pois o aparato policial que impediu o trabalho dos repórteres foi fenomenal.

Se ele tivesse conseguido montar um aparato igual no futebol, certamente o Vasco teria disputado o título e não lutado até o fim contra o rebaixamento.

Agora, Roberto anuncia aos quatro ventos uma parceria com a Eletrobrás estatal, intermediado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral Filho.

Roberto é oriundo de uma família pobre e encontrou a sua redenção no futebol.

Em respeito à sua trajetória enquanto jogador de futebol e ao seu passado pobre, Roberto deveria rever com quem se alia, seja lá em nome do que for.

Cabral vem se notabilizando por uma política de Segurança em que PMs invadem comunidades carentes atirando e vitimando crianças, idosos, gestantes e outros sem qualquer tipo de cuidado. Enquanto isso, o tráfico de drogas na Zona Sul (estou falando do asfalto) tem um tratamento, digamos, frouxo (vide o que acontece no Posto 9).

Pobre Vasco. Livrou-se da ditadura Eurico e caiu na esparrela do político Roberto, que até hoje tem se mostrado invisível para a população e que jamais tomou partido das causas populares.

O Vasco merece mais por seus 110 anos de história. Por ter sido o primeiro clube do Rio a admitir jogadores negros em seu time. Por ter um passado democrático e de glórias.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Hoje é o Dia Nacional do Samba


Hoje é o Dia Nacional do Samba, comemorado no Rio de Janeiro com diversas atividades culturais, sendo a mais conhecida delas o Pagode do Trem, que a partir das 19 horas leva os amantes do samba da Central do Brasil a Osvaldo Cruz, onde acontecem diversos shows em homenagem à data. E o melhor é que é tudo 0800.
Discriminado e marginalizado no início do século passado, o samba resistiu a perseguições e violências de todas as ordens para se tornar patrimônio cultural do Brasil.A parte mais visível e conhecida do samba são as agremiações carnavalescas do Rio de Janeiro, que proporcionam ao mundo o maior espetáculo cultural a céu aberto do planeta, constituindo-se numa afirmação da criatividade do povo brasileiro.Não citarei um nome para não omitir inúmeros devido à falta de espaço, mas deixarei os versos imortais de um certo poeta da Vila, que dão um toque em todos que ainda não se definiram pela brasilidade:"Quem acha, vive se perdendo/por isso agora vou me defendendo/da dor tão cruel de uma saudade/que por infelicidade/meu pobre peito invade.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Nova lei dos call centers respeita o consumidor

Entraram hoje em vigor as novas regras para os chamados call centers, que prometem maior proteção e respeito aos consumidores e, também, punição severa para as empresas que não respeitarem as novas normas.
Mas é importante que você faça a sua parte.
Toda vez que você ligar para um call center deve anotar data, hora, nome do atendente e o motivo da ligação e (importante!) exigir o envio do comprovante do registro da solicitação ou reclamação.
O Decreto nº 6.523/08—que regulamenta os call centers—estabelece que as empresas devem gravar e registrar a ligação, contendo data, horário, número de protocolo e motivo do contato. Caso o consumidor solicite, o conteúdo do registro deverá ser enviado por e-mail ou correspondência ao endereço fornecido.
Ou seja, a nova lei inverteu o ônus da prova que passa a ser da empresa prestadora de serviço, que terá que provar que atendeu à solicitação do consumidor.
Caso o consumidor se sinta lesado material ou moralmente deve registrar sua reclamação nos órgãos de defesa do consumidor ou na agência reguladora do serviço (Anatel, Aneel etc.) para que a empresa seja punida.

O que diz a lei:
1) O Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) deve funcionar 24 horas por dia e sete dias por semana;
2) O número do SAC deve constar de todos os documentos e material impresso entregues ao consumidor no momento da contratação do serviço durante o seu fornecimento ou na página eletrônica da empresa na Internet;
3) As informações solicitadas pelo consumidor devem ser prestadas imediatamente e suas reclamações devem ser resolvidas no prazo máximo de cinco dias úteus;
4) O consumidor deverá ser informado sobre a solução encontrada para sua demanda e, sempre que solicitar, deverá receber a comprovação pertinente pelo meio por ele indicado (inclusive mensagem eletrônica ou correspondência);
5) O SAC deverá receber e processar imediatamente o pedido de cancelamento de serviço feito pelo consumidor (isso vale pra todas as empresas, inclusive as operadoras de telefonia celular); e
6) O comprovante do cancelamento deverá ser expedido, sem ônus, e encaminhado pelo meio indicado pelo consumidor.

Futebol: paixões e contradições


O Brasil vive uma grande contradição em relação ao futebol.

Aqui são gestados os maiores jogadores do mundo. Vendidos para o exterior (principalmente o mercado europeu) estes jogadores recebem salários milionários e alcançam rapidamente a tão sonhada independência financeira. Ao mesmo tempo, o valor de seus passes (que custam migalhas aos clubes europeus) chegam a cifras astronômicas, enquanto os clubes em que foram revelados passam por necessidades financeiras.

Há casos de jogadores brasileiros que só passam a ser conhecidos da torcida tupiniquim pelas transmissões dos biliardários campeonatos italiano, espanhol e inglês.

Já por aqui, os clubes encontram dificuldades para pagar os salários de seus jogadores e o Campeonato Brasileiro (cópia da fórmula do futebol europeu) fica esvaziado rapidamente, porque são quase sempre os mesmos clubes que têm condições de disputar o título. Para justificar o "interesse" pelo campeonato, a imprensa "valoriza" a disputa entre os clubes que podem ser rebaixados para a Segunda Divisão.

Diante da apatia das entidades esportivas responsáveis e do próprio governo, nossos craques são vendidos cada vez mais jovens. Atualmente, a imprensa noticia constantemente a venda de meninos de 16 ou 14 anos sem que ninguém se importe com isso.

Eu antevejo o dia em que uma seleção estrangeira será formada somente por craques brasileiros (isso aconteceu recentemente no campeonato mundial de futsal), pois é cada vez mais constante a naturalização de craques para abrir mercado (há campeonatos em que são estabelecidas cotas de estrangeiros e ao se naturalizar o jogador abre vaga para mais um estrangeiro).

Mas o pior de tudo é a falta de identidade entre a torcida e a nossa seleção, porque no futebol brasileiro a base de tudo ainda é o clube.

Antigamente, a seleção era formada por jogadores do Botafogo, Flamengo, Santos, Palmeiras etc. Hoje, nossos craques vêm do Milan, Real Madrid, Barcelona, Inter de Milão e outros clubes estrangeiros de menor expressão.

Pois é. Diante desse quadro não espanta que as grandes estrelas do atual Campeonato Brasileiro sejam os árbitros. Estes senhores são onipotentes dentro das quatro linhas e têm decidido várias partidas em substituição aos verdadeiros craques, que estão atuando nos campeonatos estrangeiros.

Os erros de arbitragem foram fundamentais para que o quadro de colocações do campeonato brasileiro tivesse o perfil atual e resta aos próprios torcedores rir da desgraça alheia, esquecendo que amanhã a vítima pode ser o seu time.

Diante da apatia geral, os grandes mandatários em terras tupiniquins são os empresários de jogadores. Eles ditam as regras, comandam o espetáculo, são os donos dos passes dos jogadores e determinam a derrocada dos clubes.

Ou seja. Nossos craques estão no exterior. Os poucos que estão aqui têm os passes presos a empresários. Os clubes estão à míngua. Os jogos da nossa seleção já não atraem a torcida como antes. E o país que tem os melhores jogadores do mundo tem um futebol pobre técnica e financeiramente.

A única coisa que impede que o futebol brasileiro seja apenas business é a paixão imorredoura da torcida, mas até os torcedores andam desanimados com o quadro atual, como provam as baixas rendas e o pouco comparecimento aos estádios. Só não se sabe até quando.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Audiência pública avalia concessões de Globo, Record e Band


A Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados realiza na quinta-feira (27) audiência pública para debater as renovações de concessões de rádio e TV, sobretudo as outorgas das cabeças-de-rede da Globo, Record e Bandeirantes, vencidas em 5 de outubro de 2007 em diferentes cidades do país.O evento ocorre por iniciativa de um conjunto de entidades da sociedade civil ligadas à Campanha por Democracia e Transparência nas Concessões de Rádio e TV que, em ofício dirigido à CCTCI, solicitaram a realização da audiência.O requerimento foi sustentado e apresentado à comissão pelos deputados Luiza Erundina (PSB-SP) e Walter Pinheiro (PT-BA) e aprovado em agosto. O objetivo da audiência é avaliar o serviço prestado ao longo dos últimos 15 anos pelas emissoras de caráter nacional cujos processos encontram-se na CCTCI, aguardando a renovação. A reunião também deve propor novas regras e compromissos para o próximo período de exploração da radiodifusão por essas empresas.Embora convidado nominalmente, o ministro das Comunicações Hélio Costa não comparecerá ao evento. Outro representante do ministério participará do debate. Entre os demais convidados ligados aos órgãos reguladores e de fiscalização do setor, confirmaram presença o Tribunal de Contas da União através de um representante, enquanto a Agência Nacional de Telecomunicaçõ es (Anatel) alegou incompetência em relação ao tema e não estará presente.Carlos Geraldo Santana de Oliveira, representando a Associação Brasileira de Radiodifusão, Tecnologia e Telecomunicaçõ es (Abratel) é o único nome confirmado pelas entidades empresariais. Tanto a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) quanto a Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra) confirmaram presença, mas ainda não definiram seus representantes.A representação da sociedade civil será feita por Jonas Valente, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Murilo César Ramos, coordenador do Laboratório de Políticas de Comunicação (LapCom) da UnB e Celso Schröder, representando o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).Para João Brant, coordenador do Intervozes, a realização da audiência deve ser comemorada, ainda que o processo de controle público das concessões de rádio e TV no Brasil ainda seja muito precário e viciado.“É surreal que nós tenhamos que comemorar a realização de uma audiência pública que vai discutir, pela primeira vez depois de 15 anos de vigência da outorga, a renovação de três das quatro principais emissoras do país. Mas essa é realidade do Brasil”, afirmou. “Esperamos que esse momento inaugure uma nova forma de se lidar com esse processo, com um envolvimento efetivo e permanente da sociedade nesse acompanhamento.”
Observatório do Direito à Comunicação

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Por que as cotas assustam?

O sistema educacional brasileiro vem ao longo dos tempos perpetuando uma situação discriminatória, que o Governo Lula teve a coragem de questionar através da instituição do sistema de cotas para o ingresso das camadas mais pobres nas faculdades públicas.
Há décadas os colégios da rede pública vêm oferecendo um ensino de péssima qualidade para os alunos dos ensinos básico e médio. O resultado é que as faculdades públicas são ocupadas justamente por quem tem dinheiro para pagar colégios particulares que preparam seus filhos para tomarem as vagas dessas faculdades.
A longo prazo a solução é realmente investir pesado na escola pública. Mas e a curto prazo?
Num primeiro momento, a iniciativa do Governo serviu para colocar em primeiro plano a discussão sobre as distorções da Educação no Brasil.
Mas ninguém é dono da verdade e todos podem e devem participar dessa discussão.
Só para reflexão, vale lembrar que Barack Obama, que venceu recentemente as eleições para a presidência dos EUA, é o melhor exemplo do que o sistema de cotas pode fazer contra a discriminação.
No mínimo, a instituição do sistema de cotas provocou reações.  E isso é bom,  porque a Educação no Brasil estava à mercê de uma apatia que só interessava a quem lucra com o abandono do ensino público.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Machismo fatal

A divulgação pela grande imprensa de recomendação do Instituto Nacional de Câncer (Inca) desaconselhando os homens a fazerem exames de toque retal e PSA (sangue) como rotina para o diagnóstico precoce do câncer de próstata fez a alegria dos machões de plantão.
Mas hoje (25 de novembro), o diretor geral do Inca, Luiz Antonio Santini, disse que a divulgação da nota foi um equívoco, mas o estrago já estava feito.
Segundo informações do presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), José Carlos de Almeida, pacientes desmarcaram consultas imediatamente após a divulgação da nota do Inca, que indicava exames apenas a quem apresentasse sintomas (sangue na urina, necessidade freqüente de urinar, jato urinário fraco, dor ou queimação ao urinar).
Almeida explicou que o homem deve fazer o exame a partir dos 45 anos, caso não tenha histórico familiar desse tipo de câncer, e aos 40, se tiver.
É pena que o machismo ainda presente na sociedade brasileira leve a maioria dos homens a evitar esse tipo de exame, resultando em milhares de óbitos precoces, que poderiam ser evitados com mais informação e menos preconceito.
Em pleno século XXI, é lamentável que se mate por amor, que se sofra por desinformação e que se morra por absoluta ignorância.

A Educação cidadã



O Brasil tem 198.502 escolas, das quais 235 federais, 33.131 estaduais e 132.571 municipais, além de 32.565 particulares, segundo dados do IBGE/Pnad e Ministério da Educação/Inep.
Segundo ainda estas fontes, 11,1% da população brasileira de 15 anos ou mais não são alfabetizados. É um índice ainda muito alto num país que pretende crescer e que precisa de mão-de-obra especializada para atender à crescente demanda da indústria de ponta.
Ainda no campo das estatísticas - todas relativas a 2007 - somos informados de que há 52,9 milhões de estudantes matriculados, sendo 46.610.710 em escolas públicas e 6.358.746 em escolas privadas.

Não sou apegado a números, mas fiz questão de citar os dados acima para dimensionar a importância do ensino público para a formação da população brasileira, exercendo, principalmente, a função de garantir cidadania a quem procura o ensino público.
Além dos números, é preciso que Governo e sociedade se empenhem em tornar o Brasil um país cidadão, investindo pesadamente na inclusão de milhões de brasileiros alijados do direito fundamental à informação.
Enquanto o Sul e o Sudeste pensam em universalizar o direito à Internet, ainda existem inúmeras salas de aula indignas desse nome país afora, pois estão desprovidas de luz elétrica, água potável e instalações minimamente adequadas ao seu objetivo primordial.
Eu poderia citar mais e mais números, mas prefiro tocar corações e mentes que, como eu, bradem por mais investimento em Educação para que sejamos, aí sim, um país igualitário, com direitos e oportunidades iguais.
O retorno dos investimentos em Educação são a médio e longo prazos e, por isso, devemos nos manter vigilantes e garantir que tais investimentos não sejam esporádios ou que fiquem à mercê da vontade de eventuais governantes, mas que se constituam na principal meta de uma nação que até hoje perpetua o slogan de país em desenvolvimento.
O Brasil é rico, mas seu povo tem que estar habilitado a transformar as matérias-primas que tem em seu território em produtos para o resto do mundo.
Mais que isso, o Brasil tem de gestar um novo processo político, para não repetir o modelo colonialista dos EUA e da Europa. Enfim, ser mais generoso nas suas relações comerciais e humano na política externa.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O futebol entre a paixão e a realidade

O futebol brasileiro continua sendo o melhor do mundo, mas contraditoriamente os maiores craques não estão aqui. Ou melhor, saem daqui cada vez mais cedo e vão desfilar seus talentos em territórios estrangeiros.
Enquanto isso, o Campeonato Brasileiro sofre da indigência de talentos e os treinadores passaram a ser os grandes astros do futebol tupiniquim. Exemplos disso são Wanderley Luxemburgo e Muricy Ramalho, seguidos de perto por nomes como Mano Menezes (que deu ao Corinthians o título da Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro) e Caio Jr. (que está enfrentando o desafio de fazer com que a paixão dos rubronegros transforme jogadores medianos em craques).
Na outra ponta, os clubes estão cada vez mais endividados, devendo ao INSS, jogadores, treinadores e funcionários e esmagados sob o peso da "Lei Pelé" (o nome dessa lei é um atentado contra o maior jogador de futebol de todos os tempos), que facilita a venda de jogadores e deu aos empresários o poder que antes era dos clubes. Há casos de jogadores que têm três, quatro ou mais empresários e cujos contratos têm de ser fatiados para aplacar a sede de grana de todos.
Diante da conivência de dirigentes e da avidez por lucro rápido dos empresários, o futebol perde talentos cada vez mais jovens. Se antes os jogadores saíam do Brasil depois dos 20 anos, hoje há casos de garotos de 14 anos que já têm contrato com clubes estrangeiros.
Somando tudo isso, sobre para os amantes do futebol no Brasil. O Campeonato está terminando, mas não existe aquele craque acima de todas as paixões que encante tanto a torcedores, cronistas, jornalistas e dê ao futebol brasileiro a sensação de que ainda somos os melhores.
Diante disso, resta como consolo aos amantes do futebol apelar para as transmissões via satélite e ver em campos de Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal, os maiores jogadores do mundo, que saíram daqui garotos e agora são cidadãos do mundo.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A realidade não permite lembranças


Os canais de TV no Brasil são concessão pública. Por isso mesmo não dá pra entender que um programa em horário nobre seja entregue a pessoas sem nenhum compromisso com nossa história, nossos ideais e, ainda mais, com o futuro de nossos filhos.
Dói acionar o controle remoto e ver aqui uma "senhora" entrevistando prostitutas, travestis e donos de inferninho. Ali, programas "religiosos" anunciando a salvação a preços módicos. E acolá novelas sem nenhum sentido, onde as pessoas mudam de caráter como quem troca de roupa.
Ouvir rádio (também concessão pública) nem pensar. A lavagem cerebral combinada consiste na repetição das mesmas músicas e nos gritos histéricos, palavrões e erros gramaticais dos apresentadores. Parece que são as mesmas estações em sintonias diferentes.
Decido ir a uma locadora e descubro que a mesma foi fechada há tempos, vitimada pela enxurrada de DVD's piratas a preços módicos. Por ironia, em frente à outrora locadora está postada uma banca oferecendo CD's e DVD's piratas em que a grande maioria é de filmes pornô, pagodeiros, música sertaneja (na realidade boleros eletrificados e cantados à moda country americana), filmes de ação onde os americanos fazem propaganda indireta de sua indústria armamentista e os famigerados "pancadões".
Desisto, volto pra casa e ligo o som, percorro minha estante e vejo os CD's de Cartola, João Gilberto, Leny Andrade e Djavan, entre outros e nem ouso passar os olhos pela minha coleção de jazz. Seria demais!
A realidade não permite lembranças. E coloco o último CD de Djavan, "Matizes", produção independente porque nas gravadoras de hoje não há mais lugar para trabalhos de qualidade. Nestas gravadoras imperam os pancadões, pagodes e sertanejos descartáveis.
As músicas de "Matizes" não tocam nas rádios porque Djavan, certamente, não está pagando o "jabá" pago pelas gravadoras, mas como consolo termino a noite ao som dos acordes geniais de um negro que resistiu à tentativa dos "donos" da mídia e não permitiu que o rotulassem de "sambista". Sim, Djavan é mais que isso. É um cantor, compositor e instrumentista genial que ainda se permite sonhar.
Pode até ser bobagem, mas dormi com a sensação de que ainda vale a pena resistir a isso que está aí e ainda acreditando que tudo pode mudar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Acima de tudo, Luana


Luana Piovani é linda. E isso é o óbvio.
Mas Luana é muito mais que isso. É uma excelente atriz e um espírito inquieto, que busca muito além do reconhecimento artístico a felicidade. Como qualquer um de nós, aliás.
Mas a beleza de Luana faz com que a mídia torne superlativo qualquer ato dela, por mínimo que seja. E Luana não aprendeu a lidar com isso até hoje.
Aliás, a pobreza da grande imprensa há muito tempo fez com que o conteúdo cedesse lugar ao supérfluo, ao aparente e ao escandaloso.
Luana é íntegra e jamais usou sua beleza como uma arma (se é que vocês me entendem) como muitas com menos beleza que ela, mas com muito mais, digamos, senso de oportunidade fizeram e fazem. Algumas conseguem espaços generosos na mídia e a proteção dos poderosos (e a esses a grande imprensa respeita ou teme).
Eu torço para que a beleza de Luana atinja seu explendor. E estou falando da mulher, do ser humano, da artista inquieta e não desse personagem trágico-cômico em que a grande imprensa teima em tentar rotulá-la.
Apesar dessa armadura com que você se cobre, Luana, eu sei que você também gosta de carinho. E essa crônica é somente isso. Um gesto de carinho para um ser humano que só quer ser feliz.

Obama é a esperança na crise

A candidatura de Barack Obama (hoje vitoriosa) começou cercada de expectativas e uma certa estranheza. Seria possível que num país de revelada discriminação contra os negros a candidatura de Obama teria alguma chance?
O tempo foi passando e Obama ganhando mais espaço para superar, nas prévias do seu próprio partido, o Democrata, Hillary Clinton. Nesse segundo momento, Obama mostrou equilíbrio, discursos eloqüentes e capacidade de duelar em várias esferas.
Houve muita insistência de toda mídia para que Hillary fosse a vice na chapa de Obama, mas ele fugiu dessa armadilha (ela seria durante todo o seu mandato uma sombra) e seguiu em frente.
O candidato republicano tentou o tempo todo se colocar como o grande pai grande, desqualificando Obama e tentando taxá-lo como inexperiente e sem capacidade de liderar a política internacional.
Os republicanos perderam ao não perceberem que Obama ultrapassou as fronteiras dos EUA e se tornou uma figura respeitada internacionalmente.
Obama é a esperança de uma política externa dos EUA mais humanizada e menos propença à arrogância e virulência da era Bush.
Ave Obama! Você nos devolveu a esperança. E isso, por si só, já é muito no mundo de hoje.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A bola fora de Dunga

O futebol sempre foi reconhecido por sua criatividade e ginga. A seleção de Dunga, ao contrário, é a demonstração mais clara de que hoje todo mundo joga igual: muita marcação quando não se tem a posse da bola, incluindo-se aí os atacantes.

Com isso, sobra muito pouco espaço para a criatividade. E quando se assiste aos jogos da seleção, vê-se claramente que o time não tem esquema, ninguém sabe o que fazer da bola, mas todo mundo sabe o que Dunga quer: marcar!

E para atender ao mestre colocado no posto pelo todo poderoso presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Robinho marca, Kaká Marca, Ronaldinho Gaúcho tem de marcar, e, obviamente, todo mundo tem de marcar.

Mas não ta faltando uma coisa? Quem cria nesta seleção de Dunga?

O meio de campo dos últimos jogos — Elano, Gilberto Silva e Josué — é de matar. Kaká e Robinho bem que tentam, mas a bola volta quadrada. Na frente, Jô foi mais um poste a ser ultrapassado.

Dunga tem uma trajetória como jogador que deve ser respeitada. Mas sua participação como treinador é a antítese do futebol brasileiro: sem criatividade, sem ginga, sem alma e sem motivação.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O Rio de Janeiro merece mais

As eleições de 5 de outubro de 2008 ficarão marcadas pelo recado que o povo deixou nas urnas. Ficou claro que a população não aceita as opções oferecidas pelos partidos. A votação obtida por Gabeira deve-se em parte à rejeição a Crivella e também ao espírito irônico do carioca que preferiu confrontar a pourraloquice à mesmice do que ter de optar no segundo turno entre o nada e o vazio.

Louve-se o espírito guerreiro de Alexandre Molon, que, num primeiro momento, resistiu ao rompimento da aliança costurada com o PMDB para mais tarde ainda encontrar forças para superar o fogo amigo do PT de onde vinham as mais estapafúrdias sugestões de alianças sem nenhum conteúdo programático em nome de uma unidade externa que não se conseguiu internamente.

Alexandre Molon pode ter uma trajetória brilhante dentro do PT. Mostrou determinação e seguiu em frente mesmo quando o partido patinava num mar de indecisões vindas de Brasília, de São Paulo e de lugares nunca dantes navegados.

Espero que Molon tenha a humildade que faltou a outros integrantes do PT que confundiram a votação que obtiveram no plano individual com a visibilidade que ganharam ao concorrer a cargos majoritários.

Em alguns casos, o fato de tangenciar o poder subiu à cabeça e o antes militante e eventual postulante a um cargo no Executivo transmudou-se numa entidade à parte, com compromissos particulares, e objetivos obscuros que passam ao largo do projeto defendido pelo PT.

Em outros, o nome superou o personagem, que já não consegue pensar coletivamente e não vislumbra o papel que teria de desempenhar para tirar o PT de um papel secundário na Câmara Municipal do Rio, nem dar ao candidato ao cargo majoritário do partido mais que parcos 4% ou um pouco mais.

E o pior é que as eleições de 2008 comprovaram que o problema não é, simplesmente, a troca de nome do candidato. O PT do Rio tem de pensar 2012 sem esquecer 2010, quando viveremos a transição das primeiras eleições sem Lula candidato.

A crise mundial que se instalou a partir do governo intervencionista e armamentista de Bush nos EUA pode influir no panorama de 2010, mas o maior problema será livrar o PT do rol de alianças que teve de fazer em nome da governabilidade de Lula.

Vivenciamos isso em 2008 e enquanto presenciávamos um partido impedido de capitalizar o desempenho pessoal de Lula em nome das tais alianças, víamos o governador Sérgio Cabral escancarar apoios (em todos os sentidos) aos candidatos do PMDB.

Não dá pra pensar no futuro do PT do Rio de Janeiro sem fazer uma análise profunda sobre o preço que pagamos em nome das alianças que possibilitaram a governabilidade de Lula e catapultaram sua popularidade a números jamais vistos na história deste País.

Em 2008, o PT do Rio não fez o dever de casa. Não teve um plano de governo porque não fez uma análise de conjuntura anterior, como deveria. Fez uma aliança temerária com o PMDB de Cabral sem considerar que o PMDB é uma colcha de retalhos com muitos fios soltos e algumas agulhas perdidas entre as costuras.

O quociente eleitoral do PT no Rio contraria os números por todo o País e isso, por si só, já merece uma reflexão.

Em respeito ao povo do Rio de Janeiro, a sua militância e a sua trajetória, o PT tem de oferecer as alternativas que o carioca merece.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Futebol é paixão!

A bola rolava num campo esburacado e desnivelado e meninos de canela fina, sem camisa que identificasse a que time pertenciam, lutavam por uma vitória sem testemunhas, sem vencedores e sem glória.
Mesmo assim, a cada gol correspondia uma explosão de alegria como se estivessem em pleno Maracanã lotado, em dia de clássico.
Mas o que mais espantava era a paixão que movia cada movimento, cada passe, cada cabeçada, cada chute, cada defesa e cada erro. Ora esbravejavam, ora aplaudiam, pediam a bola, exigiam o passe e disputavam cada saída de bola (porque não havia árbitro) como se fosse a última e tudo era decidido rapidamente (ao contrário do STF e do Congresso).
De repente, uma dividida entre Pintinho e Cabeção parou a pelada. O impacto foi tão forte que o ruído produzido parecia o de uma batida de automóvel.
Franzino, Pintinho ficou estirado no chão, rodeado por peladeiros, curiosos e palpiteiros. "Quebrou", dizia um. "Que nada, é manha", dizia outro. "Pára de sacanagem que o negócio foi sério", disse um preocupado Cabeção.
Mas de repente, Pintinho levantou-se de um salto, apoderou-se da bola que ficara esquecida no meio de campo e mandou para as redes, gritando gol a plenos pulmões e com um sorriso contagiante que contrastava com a cara de poucos amigos de Cabeção.
Revoltado com a "cena" de Pintinho, Cabeção tentou partir pra ignorância, mas foi contido pela turma que, às gargalhadas, dava cascudos, uns, e afagavam, outros, o sorridente Pintinho.
Tanta alegria, tanto empenho, tanto amor mesmo num campo em péssimo estado só pode ser entendido por quem foi inoculado por essa paixão indescritível do povo brasileiro pelo futebol.
E vivam os Pintinhos e Cabeções dos campos de pelada, que fazem do desorganizado futebol brasileiro o melhor do mundo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Vulnerabilidade externa

Indico a todos os viajantes deste blog que leiam com atenção o texto abaixo,
contribuição inestimável da amiga Efigênia Nolasco, que dá alento a este
espaço, atualmente um tanto quanto espaçado devido ao engajamento político
na campanha do companheiro Tércio Amaral, em Japeri:

O que se entende por vulnerabilidade externa? 
 

 

“Os ajustamentos sem precedentes que neste fim de século estão ocorrendo nas relações internacionais requerem para sua compreensão uma visão global apoiada não apenas na análise econômica, mas também na imaginação prospectiva que nos habilita a pensar o futuro como história. Sem essa visão global, estaremos incapacitados para captar o sentido dos acontecimentos que nos concernem mais diretamente e, mais ainda, para agir conscientemente como sujeitos históricos.”

Celso furtado

 

 

 

 

 

A vulnerabilidade externa é a afetação das finanças e demais aspectos da política econômica de um país a ocorrências externas .É o desequilíbrio  que se observa na economia interna  a partir de crises financeiras do resto mundo.

A idéia de um mundo globalizado sem fronteiras onde os estados nacionais submetem o controle de suas economias ao controle das empresas transnacionais, em especial, nos países periféricos nos quais são atribuídos à aceitação incondicional e subserviência  de suas economias à vontade e voracidade dos grandes atores econômicos (as transnacionais e as relações contratuais destes agentes) torna as analises sobre a vulnerabilidade externa uma preocupação  precípua nas  discussões acadêmicas.

  análises econômicas que  propagam que a forma de resistir a vulnerabilidade externa seja  de um país, uma empresa ou até mesmo de um individuo é articular - se. Competir.Procurar atrair as transnacionais e oferecer lhes vantagens competitivas.Abrir as portas  ao exterior atrás de  crescimento econômico (vontade privada  e inserção a arquitetura internacional).

A maioria dos Jornais, revistas especializados em economia e as principais agências econômicas afirma :Países com maior abertura comercial tendem a ter melhores índices de desenvolvimento e qualidade de vida, como também instituições mais estáveis. E afirmam que o grau de exibe a integração do país com o resto do mundo. E países que apresentam maior volume de comércio internacional (trocas comerciais internacionais) sofrem menos com choques financeiros internacionais, pois são capazes de gerar superávits comerciais com pequenas depreciações cambiais ou desacelerações da atividade econômica interna.

Mas, há controvérsias. Há criticas em relação aos métodos usados para estas análises e consideram as afirmações empíricas. Segundo alguns acadêmicos faltam para essas assertivas estudos estruturais das orientações comerciais, análises profundas das questões temporais e geográficas  entre outros fatores.

(O Brasil,os Estados Unidos da América do Norte e o Japão têm grau de semelhantes (abertura pequeno) e economias completamente diferentes).

A partir dos anos 80 houve incremento da internacionalização da produção.O fluxo de investimentos no exterior cresceu 12,7% ,mas o aumento da renda foi de 4,3%. Nos anos 90 as exportações mundiais cresceram a uma taxa média anual de 6% ,enquanto o produto interno bruto global cresceu,apenas, 1,5%.

 A internacionalização da Produção ocorre através do comércio internacional, investimento externo direto e relações contratuais . A análise destes determinantes está no que se convencionou como fenômeno da globalização que tem levado uma interdependência à economia mundial através de fatores tecnológicos, institucionais e sistêmicos tornando vulneráveis as economias nacionais a esses mesmos fatores.

No Brasil há uma falácia em relação às crises econômicas ,explica se o perverso desempenho  econômico do país às crises econômicas mundiais .A intensidade da vulnerabilidade externa  do país  deve se  a má condução das estratégias de políticas  econômicas que não elevaram a renda do brasileiro e se limitaram , apenas,ao controle cambial.  No país temos ampla divulgação dos efeitos da abertura comercial brasileira considerando, apenas vulnerabilidade externa conjuntural que é essencialmente um fenômeno de curto prazo ;sem considerar o resto do mundo (analise comparada) como,também, a analise da vulnerabilidade  estrutural que depende da qualidade  da abertura ou seja eficiência e dinamismo dos sistemas de comércio, produtivo e financeiro   nacional  comparado ao empenho do resto do mundo.

“A vulnerabilidade externa significa uma baixa capacidade de resistência das

economias nacionais frente a fatores desestabilizadores ou choques externos. A vulnerabilidade tem duas dimensões igualmente importantes. A primeira envolve as opções de resposta com os instrumentos de política disponíveis; e a segunda incorpora os custos de enfrentamento ou de ajuste frente aos eventos externos. Assim, a vulnerabilidade externa é tão maior quanto menor forem às opções de política e quanto maiores forem os custos do processo de ajuste.”²”.

A capacidade de resistência à volatilidade do investimento externo e ao comércio internacional dependerá de políticas macroeconômicas tradicionais que passam por   planejamento e gerenciamento das reservas internacionais do país e políticas de incremento interno.

 

 

Bibliografia e pesquisa:

 

 

1.      Texto Globalização Das Estruturas Econômicas E Identidade Nacional /Celso Furtado

2.      Texto Globalização Econômica E Vulnerabilidade Externa Reinaldo Gonçalves

3.      Trabalho De Macroeconomia/ECEX/Efigênia Nolasco

4.      Http://www.funcex.com.br/

5.      Http://www.ie.ufrj.br/revista/lng/pt/pareceristas

6.      Www.wto

 

 
 
Efigenia Nolasco

terça-feira, 1 de julho de 2008

Cidade Maravilhosa, mas dividida

A reação do governador do Rio, Sérgio Cabral, aos assassinatos do jovem Daniel Duque, de 18 anos, em frente à boate Baronetti, em Ipanema, e do menino Ramon Fernandes Dominguez, 6 anos, baleado na Favela do Muquiço, em Guadalupe, por uma bala perdida, é ao mesmo tempo uma explicação e uma demonstração dos motivos do agravamento da violência na “Cidade Maravilhosa”.
Enquanto defende o envio sistemático de “caveirões” para combater o tráfico em comunidades carentes e não se pronuncia pela vitimação de inocentes como a do garoto Ramon, Cabral recebeu a mãe de Daniel e se mostrou indignado pela forma como o rapaz foi assassinado, exigindo a apuração imediata e a punição do policial militar autor do disparo. Sobre o assassinato de Ramon, o governador manteve um silêncio assustador para os milhões de habitantes empobrecidos da cidade.
Enquanto isso, Ramon foi enterrado nesta terça-feira (1º de julho de 2008), às 13 horas, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Oeste, sob o silêncio criminoso da grande imprensa e do governador, que já afirmou em diversas ocasiões que vai manter a política de repressão que atinge inocentes nas favelas e nos morros cariocas.
Com tais atitudes, Cabral dividiu a Cidade Maravilhosa em duas e deixou um aviso para meliantes, traficantes, policiais e milicianos: a morte de inocentes nas zonas empobrecidas da cidade não terão repercussão, mas se alguém da classe média alta moradora preferencial da Zona Sul for atingido, a reação governamental vai ser imediata e contundente!
Obviamente, este discurso vai mudar em 2010, quando Cabral vai ser candidato. Ou à reeleição ao governo do Rio ou à presidência da República porque, afinal, ele precisa dos votos dessa gente empobrecida para se eleger.
Mas o episódio deixa uma dura lição para a camada empobrecida do Rio. Caiu a máscara! Cabral está mostrando ao que veio e quer estabelecer um corredor de proteção em volta da Zona Sul, enquanto estende as máquinas do terror sobre as comunidades carentes.
A política de segurança pública de Cabral é mortífera e inconseqüente quando se trata de populações carentes. Ele e seu fiel escudeiro que cuida da segurança pública para as camadas mais ricas e da insegurança generalizada quando se trata de populações empobrecidas por décadas de políticas equivocadas que tratam de forma diferenciada as diferenças sociais que são gritantes no Rio.
Para as comunidades carentes, o único contato com o Estado é através do “caveirão” e do aparelho repressor que foi endeusado no filme Tropa de Elite.
Daniela Duque, mãe de Daniel, está sob os holofotes da grande imprensa que subliminarmente enviam a mensagem: não toquem nos meninos de olhos azuis da Zona Sul, enquanto a mãe de Ramon continua anônima, sofrida, guardando na garganta um grito de dor e de revolta.
Definitivamente, Cabral dividiu o Rio. E os reflexos da continuação de políticas equivocadas em relação ao problema da violência na cidade, são e continuarão a ser sentidos por décadas. Quem sobreviver, verá!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

MST critica lentidão da Reforma Agrária

Desde a última segunda-feira (14 de abril), o MST vem realizando protestos contra a lentidão da Reforma Agrária, exigir o assentamento das 150 mil famílias acampadas no país e cobrar investimentos públicos em assentamentos. Com esse objetivo, ocupou latifúndios em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Alagoas, mas também aconteceram atos e manifestações em Bahia, São Paulo, Roraima e Pará.
Segundo o MST, a Reforma Agrária está emperrada no país por causa da política econômica, que beneficia as empresas do agronegócio, concentra terras e verbas públicas para a produção de monocultura para exportação. "O governo precisa apoiar a pequena e média produção agrícola para fortalecer o mercado interno, garantir a produção de alimentos para a população e a preservação do meio-ambiente", afirma José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST
O governo federal prometeu liberar crédito para a construção de 31mil habitações rurais em 2007. Foram contratadas apenas 2 mil, enquanto há demanda para 100 mil casas no meio rural. O MST cobra a criação de uma linha de crédito específica para a produção agrícola em assentamentos. As famílias assentadas têm dificuldades para acessar o Pronaf (ProgramaNacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que não considera as especificidades das áreas de Reforma Agrária.
É incrível que 24 anos após a ditadura militar que foi deflagrada devido ao discurso do então presidente da República João Goulart, a Reforma Agrária seja tratada como tabu neste País.
O MST é a voz tronitoante que impede que se esqueça a questão da terra. Pena que a grande imprensa tente criminalizar o movimento.

IURV persegue terreiros e homossexuais

Recebi a denúncia abaixo e a reproduzo tendo em vista a gravidade dos acontecimentos. O Brasil sempre foi conhecido pela convivência pacífica entre as religiões, mas a atuação da IURV pode mudar esse cenário:

Os acontecimentos de ontem (15-04-08) na Alerj, por ocasião da Audiência Pública que deveria ter contado com a presença de autoridades como o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame e o Procurador Geral da Justiça (Ministério Público), Marfan Vieira, são o resultado da sabotagem promovida pela Igreja Universal.
Vamos a um resumo, passo a passo:
1 - No dia seguinte após as publicações do jornal Extra denunciando as perseguições dos traficantes aos terreiros, o deputado Átila Nunes pede IMEDIATAMENTE ( dia 18 de abril) a convocação de audiência pública à Comissão do Combate à Discriminação da Assembléia Legislativa;
2 - A presidente da Comissão do Combate á Discriminação da Alerj é uma deputada eleita pela igreja Universal (Beatriz Santos);
3 - A deputada tenta então, de todos os modos, evitar a convocação da audiência pública convocada pelo nosso irmão Átila;
4 - Pressionada pelos terreiros e entidades dos cultos afro-brasileiros, a deputada da Igreja Universal convoca apenas um simples bate-papo dos membros da Comissão de Combate à Discriminação - E NÃO UMA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM AUTORIDADES, conforme havia sido solicitado;
5 - Interpelada nessa reunião por Átila Nunes que denunciou que ela não queria realizar a audiência pública porque era da Igreja Universal, a deputada recebeu críticas de todos os demais deputados e lideranças umbandistas e candomblecistas, o que fez com que o deputado Jorge Picciani, presidente da Alerj, interviesse e exigisse que ela convocasse a audiência com a presença das autoridades;
6 - A audiência pública foi 'empurrada com a barriga' pela deputada da Igreja Universal para o dia 14 de abril (quase um mes depois), ficando ela, a deputada, encarregada de convocar as autoridades;
7 - Preocupados com uma possível demora na realização da audiência pública (o que de fato aconteceu), o deputado Átila Nunes e o vereador Átila Nunes Neto, entregam um dossiê ao Secretário de Segurança José Mariano Beltrame, o Chefe do Estado Maior da Polícia Militar, Coronel David e o Subsecretário de Polícia Civil, Ricardo Martins, em reunião ocorrida no gabinete do secretário;
8 - Finalmente chegou o dia da audiência pública sob a presidência da deputada da Igreja Universal. Todos estranharam a ausência das autoridades, com destaque especial para a falta do Procurador Geral, Mafan Vieira, chefe máximo do Ministério Público, fundamental para ouvir as denúncias;
9 - Poucos minutos antes da audiência, o deputado Átila Nunes, na presença de todos os deputados e das lideranças da nossa religião, trava o seguinte diálogo com a deputada Beatriz Santos da Igreja Universal:
Átila Nunes: " - Deputada, a senhora convocou todas as autoridades? "
Beatriz Santos: " - Sim, deputado, todas..."
Átila Nunes: " - Todas mesmo, deputada, inclusive o Procurador Geral do Ministério Público?" Beatriz Santos silenciou.
Átila Nunes voltou à carga e repetiu a pergunta: "- A senhora convocou o Procurador?"
E Beatriz confessou: "- Não...";
10 - Esvaziada pela Igreja Universal através de sua representante, deputada Beatriz Santos, a audiência pública foi marcada por discussões de segmentos que exigiam o cancelamento da audiência;
11 - Logo após o discurso do deputado Carlos Santana, o deputado Átila Nunes faz uso da palavra e comunica ao plenário que a deputada presidente da Comissão de Combate à Discriminação é da Igreja Universal;
12 - Com a ausência das autoridades, muitas pessoas se retiraram em protesto, enquanto outros deputados acusam discriminação da Rede Record, de propriedade da Igreja Universal, caracterizada por sucessivos ataques a outras religiões;
13 - Visivelmente irritada, a deputada encerra a audiência abruptamente, não permitindo que vários líderes e deputados fizessem uso da palavra;
14 - As pessoas estão deixando o plenário e ela pede uma reunião ali mesmo no canto do plenário, com o Subsecretário de Segurança, única autoridade presente;
15 - O deputado Átila Nunes e seu filho, Átila Nunes Neto se aproximam do Subsecretário para se despedirem;
16 - Neste momento, seguranças da deputada da Igreja Universal impedem de forma truculenta a aproximação dos dois, instalando-se um caos que exigiu a rápida atuação dos agentes de segurança da Alerj, já que seguranças particulares não podem agir nas dependências da Assembléia Legislativa;
17 - Os seguranças da deputada da Igreja Universal lançam ameaças á vida de Átila Nunes e Átila Nunes Neto. Um deles é identificado como policial militar requisitado e comissionado no gabinete da deputada Beatriz Santos;
18 - Os agentes detém o segurança da deputada e o identificam. É registrada a ocorrência, com a posterior comunicação ao Chefe do Estado Maior da PM denunciando o despreparo e o tom ameaçador vingativo do policial militar que faz a segurança da deputada que, segundo confissão dela, também é evangélico;
19 - É comunicado ao presidente da Alerj o acontecido, com testemunho de todos os funcionários da Alerj, exigindo-se providências.
Os desdobramentos de tudo que aconteceu no último dia 14 de abril exigem uma reflexão do quanto a Igreja Universal está atuando de forma truculenta, incluindo seguranças possivelmente armados, agora dentro do Poder Legislativo.
O enfrentamento contra as ameaças dessa gente não pode ficar restrita aos nossos irmãos Átila Nunes (pai e filho). É preciso que todos nós, que não somos parlamentares, reajamos e denunciemos essas arbitrariedades junto aos órgãos de imprensa. Essa deputada, cuja Igreja prega o ódio aos cultos afro-brasileiros e o ódio aos homosexuais, JAMAIS poderia ser presidente da Comissão de Combate à Discriminação da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro! Isso é uma afronta à democracia!
MARCUS LÚCIO DE OXOSSE - TVC RioA TV Comunitária do Rio de Janeiro

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A vitória da emoção!

A derrota para o Flamengo na final da Taça Guanabara uniu ainda mais o time do Botafogo e, ao mesmo tempo, serviu de contraponto ao mercantilismo que tomou conta do futebol. Como é possível que atletas que passaram por vários times sejam capazes de chorar após uma derrota? Ridicularizados pela maioria da imprensa esportiva e pelos torcedores rivais, os jogadores botafoguenses renasceram das cinzas e deram, ontem, no Maracanã, um presente aos torcedores botafoguenses, derrotando seus rivais por incontestáveis 3 x 0. Mas na dinâmica do futebol não há tempo para comemorações. Quarta-feira, o time enfrenta a Portuguesa, em São Paulo, pela Copa do Brasil. E no domingo faz a final da Taça Rio contra o Fluminense. Mais uma vez, o favoritismo é do adversário. Será que o coração alvinegro vai prevalecer?

sexta-feira, 14 de março de 2008

Marinha libera arquivos sobre o Almirante Negro

Num país que se diz democrático, é incrível o obscurantismo que até pouco tempo cercava a trajetória de João Cândido Felisberto (o Almirante Negro) nos arquivos da Marinha. Reportagem de Marcelo Beraba, da Sucursal da Folha no Rio, joga um pouco de luz sobre esta história:

Marinha liberou, após 97 anos, documentos referentes ao marinheiro de 1ªclasse João Cândido Felisberto (1880-1969), o "almirante negro", líder da Revolta da Chibata, e ajudou a localizar sua ficha no Arquivo Nacional. Osdocumentos agora tornados públicos só haviam sido consultados por oficiais e historiadores da Marinha e usados para corroborar a versão oficial do episódio que acabou com os castigos corporais nos navios de guerra. A liberação é um fato novo. Durante todo este tempo, os pesquisadores e os filhos de João Cândido esbarraram em negativas da Marinha, que jamais aceitou a elevação dos revoltosos à condição de heróis. O próprio JoãoCândido nunca conseguiu ter acesso à documentação. Em depoimento no MIS do Rio em 1968, ele reclamou:
"... os [arquivos] da Marinha são negativos, João Cândido nunca existiu na Marinha". O documento mais importante é a ficha funcional. João Cândido entrou para a Marinha como grumete em 10 de dezembro de 1895, chegou a ser promovido a cabo, mas depois foi rebaixado. Nos 15 anos em que permaneceu na Armada, ele foi castigado em nove ocasiões com prisões que variaram de dois a quatro dias em celas solitárias "a pão e água" e duas vezes com o rebaixamento de cabo para marinheiro. Não há registro, na sua ficha de 24 páginas escritas à mão, de que tenha sido espancado, como era comum. Extinto em 1889, logo após a Proclamação daRepública, o castigo físico foi restabelecido pelo Governo Provisório no ano seguinte. A rebelião dos marinheiros em 22 de dezembro de 1910 já vinha sendo alimentada ao longo destes 20 anos, mas só foi deflagrada depois que o marinheiro Marcelino Rodrigues foi punido com 250 chibatadas. A ficha de João Cândido registra dez elogios e uma promoção a cabo (1903), revogada definitivamente em 1907. O último elogio por bom comportamento é de setembro, três meses antes de liderar a rebelião. João Cândido participou de dezenas de manobras em toda a costa brasileira, navegou pelos rios das bacias do Amazonas e do Prata e esteve duas vezes em longas viagens pela Europa.
*Historiadores*
O mérito da revelação dos documentos e da ficha funcional de João Cândido se deve a uma equipe de cinco historiadores da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) encabeçada por Marco Morel, 47. Contratado pelo Projeto Memória da Fundação do Banco do Brasil para fazer uma pesquisa sobre o líder da revolta, Morel conseguiu autorização de um dos dois filhos vivos de João Cândido, Adalberto, para ter acesso aos documentos. O pedido foi baseado na lei 11.111 de 2005, que normatiza a liberação de documentos oficiais. O trabalho de pesquisa para o Projeto Memória está sendo feito junto com Tânia Bessone, também professora da Uerj, e três doutorandos. Uma delas, Silvia Capanema, descobriu na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, outra preciosidade: uma série de 12 artigos de memórias assinados por João Cândido publicados em 1912 na "Gazeta deNotícias". Falta digitalizá-los. Há algumas coincidências nesta história. João Cândido viveu as décadas que se seguiram à expulsão da Marinha em desgraça. Nem as empresas comerciais de navegação lhe davam emprego. Foi redescoberto pelo jornalista Edmar Morel (1912-1989), autor do livro que passou a identificar a rebelião: "A Revolta da Chibata" (1959). Edmar foi encontrá-lo como carregador no antigo mercado de peixes da praça15, no centro do Rio. De lá via bem próxima a Ilha das Cobras, onde esteve preso, foi torturado e quase morreu. A ilha abriga hoje, entre outras seções da Marinha, o Serviço de Documentação. O historiador Marco Morel é neto de Edmar Morel. Também jornalista no início da vida profissional, dedicou-se ao ensino e à pesquisa histórica. Sua especialização é o Brasil do século 19, mas, por causa do avô, interessou-se por João Cândido. Ele doou o acervo de Edmar Morel à Biblioteca Nacional.

quarta-feira, 12 de março de 2008

A vida entre a cadeira elétrica e as células-tronco

Enquanto no Brasil se discute sobre a possibilidade de se utilizar células-tronco em pesquisas com o objetivo de se salvar vidas humanas, nos Estados Unidos - mais precisamente no Estado de Nebraska - foram proibidas recentemente as execuções na cadeira elétrica, mas não a pena de morte em si. Richard C. Dieter, diretor-executivo do Centro de Informação sobre a Pena de Morte (instituição acadêmica com sede em Washington que não tem posição definida sobre a pena capital, disse que essa decisão também pode influir diretamente em um caso hoje sob exame da Suprema Corte americana a respeito da constitucionalidade da injeção letal como método de execução. No dia 8 de fevereiro, o Supremo Tribunal de Justiça de Nebraska, único Estado que ainda mantinha a cadeira elétrica como método de execução, determinou que este procedimento é “cruel”. Os 10 condenados que aguardam no corredor da morte não poderão ser executados até que o Estado decida se adota outra forma de aplicação da pena de morte, pois a cadeira elétrica era até o momento em que a sentença foi proferida o único aplicado no Estado.
“A evidência mostra que o ato de eletrocutar causa intensa dor e atroz sofrimento”, escreveu o juiz William M. Connolly na sentença do tribunal de Nebraska, aprovado por maioria.
Em 2007, a Assembléia Legislativa de Nebraska rejeitou outro projeto que abolia a pena de morte por apenas um voto.
Por aqui, apesar da onda de corrupção que assola o país, ainda se discute a vida.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Apenas um retrato na parede...

Simone olhou-se no espelho. Aos 35 anos era uma mulher espetacular, daquelas de parar o trânsito. Mas ela estava só, irremediavelmente só. Retocou o batom. Ajeitou a leg. Comprimiu os lábios e voltou a olhar-se no espelho. A roupa combinava. Os sapatos idem. Mas faltava alguma coisa, lembrou-se, pegando a bolsa sobre a cama. Conferiu se o celular estava carregado (ah! essas baterias!) e saiu. Já no corredor surgiu uma outra Simone. Esvoaçante, sorridente, envolvente mesmo. Olhou mais uma vez o relógio. Estava adiantada. (Não faz mal, disse pra si mesma) e prosseguiu chamando a atenção de motoristas, passantes, comerciantes, bancários e alquimistas. Não se conteve e soltou uma gargalhada quando um taxista brindou-a com um "poderosa"! Chegou ao destino, o mesmo barzinho de Laranjeiras onde conhecera Augusto. Conferiu novamente a hora: 19h30min. Estava adiantada, havia marcado às 20 horas. Ela pediu uma dose de Bacardi, depois outra, e outra e outra. Quem entrava, quem saía, o dono do bar (que já a conhecia) todos a olhavam, todos ansiavam por um sorriso, a correspondência aos seus anseios. O tempo passava e nada de Augusto. Até que lá pelas 21h30min o celular tocou. Era Augusto. "Não vou!" Ela não conseguiu responder. De forma automática levantou o braço pedindo a conta ao garçom. Passou o cartão. Levantou-se e saiu! Era mais uma noite quente no Rio. Ela chamou um táxi e voltou para casa. Não sem antes causar um alvoroço à porta do bar, onde todos procuravam o melhor ângulo para olhá-la e, quem sabe, roubar-lhe um olhar cúmplice. Ela não viu a paisagem no caminho até a Barra. Entrou no amplo apartamento que lhe coubera na partilha dos bens de sua separação de Augusto. Ela ainda o amava e tinha uma idéia fixa: matá-lo! Se não fosse seu, não seria de mais ninguém. Já perdera a conta dos inúmeros encontros marcados com Augusto. Ele faltara a todos. Ela só queria que ele comparecesse a um. Iria matá-lo e matar-se em seguida. Ela não se importara com a separação, não quis ficar com os filhos e garantiu uma pensão que lhe garantia o conforto. O que ela não perdoava é que Augusto a trocara por uma mulher de cintura roliça, cabelos curtos mal cuidados, feia mesmo! Despiu-se, olhou-se no espelho e, automaticamente, desviou o olhar para o retrato que mantinha na parede. Ela Augusto e o casal de filhos. Simone não perdoava Augusto porque a sua fortuna a cada dia aumentava e ele não se importou quando ela se envolveu com um policial, ou com um procurador da Justiça, nem quando posou nua para uma revista. Ele já não se importava! Olhando para si no espelho e para Augusto no retrato na parede, Simone compreendeu que odiava Augusto porque ele a tornara invisível.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Nem juiz escapa de policiais arbitrários

O juiz federal Roberto Schuman viveu na própria carne o arbítrio, a arrogância e o abuso de poder de policiais endeusados por uma certa mídia, que assimila como nornal a morte, em 2007, de mais de 1.200 jovens e adolescentes nas operações policiais violentas que se tornaram a marca da política de segurança do govermador Sérgio Cabral. Por Pedro Porfírio, jornal O Povo.Nestes tempos de "guerra urbana" estimulada pelo governador Sérgio Cabral, com o culto cego às "tropas de elite", o constrangimento vivido pelo juiz federal Roberto Schuman na noite de uma segunda-feira de carnaval, tendo como pano de fundo os arcos da Lapa, revela o retrato sem retoque de um ambiente onde está cada dia mais difícil ser cidadão.Os policiais da CORE, depois de quase o atropelarem, não gostaram do comentário que ele fez e decidiram algemá-lo, como se fosse um malandro, sem sequer pedir documentos, jogando-o na caçapa do camburão. Eles deram as tonalidades da impunidade, com comentários jocosos, mesmo depois que e o cidadão Roberto Schuman se identificou como juiz federal.O magistrado fez um relato completo do constrangimento que sofreu (que recebi na excelente mala direta do escritório Rocha Miranda Associados), destacando sua preocupação em relação aos cidadãos nas mãos desses aloprados "agentes da lei". Firme em sua disposição de cobrar uma punição exemplar dos autores da arbitrariedade, o juiz Roberto Schuman disponibilizou o depoimento que escreveu "para que isso nunca mais volte a correr, com quem quer que seja". Um ato de desagravo será realizado hoje (13/2), às cinco da tarde no auditório do foro da Justiça Federal da Av. Rio Branco, na Cinelândia, por iniciativa de sua entidade de classe.
Ao apresentar seu relato, o magistrado acrescentou o comentário: "Confesso que sai do camburão algemado me sentindo como um trapo, um lixo, em relação a minha cidadania e minha condição funcional, contudo, após esses dias, saio um cidadão e um magistrado ainda mais forte, e isso eu devo a todos vocês".Do que ele escreveu, que publico na íntegra, uma afirmação dos policiais do CORE me chamou mais a atenção, pois confirma as histórias que ouço nas comunidades pobres sobre as costumeiras práticas de extorsão dos policiais:"Diante da voz de prisão, estendo os dois braços para ser algemado. Pergunto ao mais novo dos três, que estava completamente alterado:- Qual o motivo da prisão?"Resposta: "Desacato". Pergunto novamente:- O que os senhores entendem como desacato?"Resposta: "Até a DP a gente inventa, se a gente te levar pra lá".Pelo que percebi, Roberto Schuman é um juiz jovem e simples. Como ia desfrutar de uma noite de carnaval, foi para a rua como qualquer cidadão. Foi, aliás, ao mesmo lugar, e na mesma noite, em que meu filho de 20 anos, que, decepcionado, largou a Faculdade de Direito no primeiro período, também optara por buscar ali, com seus colegas, viver um pouco do carnaval com o mínimo de tranqüilidade. Assim, posso dizer que ele, como muitos cidadãos, podia ter passado por um sufoco ainda maior.
O DEPOIMENTO DO JUIZ ROBERTO SCHUMAN"A história foi escrita por mim visando a publicação em jornais, até mesmo para se propor um debate serio sobre o atual estado de coisas, pois no mesmo jornal que noticiou um juiz federal algemado no camburão pela suposta prática de um delito de menor potencial ofensivo havia um bicheiro - réu em processo criminal - em cima de um caminhão oficial do corpo de bombeiros fluminense, logo, aparelho do Estado.
Ressalto que não tenho palavras para agradecer os vários telefonemas de apoio recebidos e mensagens de colegas e amigos de todas as carreiras do meio jurídico e de outras diversas, todos, resumidamente, com a seguinte preocupação: se aconteceu isso com um juiz, o que virá em seguida. E o cidadão comum? Bom, agradeço o apoio imediato da AJUFE, que no dia seguinte já estava ao meu lado, e, novamente, de todos os amigos. Segue abaixo a minha manifestação, que está livre para a mais ampla divulgação possível, bem como este email, para que isso nunca mais volte a correr, com quem quer que seja.Haverá uma sessão de desagravo provavelmente as 17:00 horas do próximo dia 13, quarta-feira, no auditório do foro da justiça federal da Av. Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro. Por último, confesso que sai do camburão algemado me sentindo como um trapo, um lixo, em relação a minha cidadania e minha condicao funcional, contudo, após esses dias saio um cidadão e um magistrado ainda mais forte, e isso eu devo a todos vocês. Atenciosamente, Roberto SchumanSegue a carta:O Juiz, a Polícia e o Malandro.Segunda-feira de carnaval, saio de casa perto das 22:00 horas para encontrar a namorada na porta do Circo Voador, na Lapa. Lá chegando, saio do táxi falando ao celular para encontrá-la. Mas não é só. Além de tênis, bermuda e camisa, usava um chapéu, desses vendidos em todos os cantos da cidade a R$ 5,00. Presente da namorada. Coisa de mulher.Então, atravesso a rua e quase sou atropelado por um camburão com luzes e lanternas apagadas com a inscrição CORE no carro. No mesmo momento o motorista grita "Ô malandro" e eu, assustado, dou um pulo para a calçada, peço desculpas e viro as costas, continuando ao celular e andando, já na calçada. Ai, percebo que a viatura andava ao meu lado, com três policiais de preto, ao que escuto, em alto e bom som: "Saia da rua, seu malandro e bêbado". Nesse momento, pensei: Isto não é jeito de tratar as pessoas na rua e respondi: "Não sou bêbado nem malandro; se vocês não estiverem em operação, está errado andarem com essa viatura preta e apagada, pois quase me atropelaram e vão acabar atropelando alguém!"
Oportunidade em que os homens de preto descem da viatura dizendo: "Ô malandro, tu é abusado, tá preso". Ato contínuo, diante da voz de prisão, estendo os dois braços para ser algemado. Pergunto ao mais novo dos três, que estava completamente alterado: "Qual o motivo da prisão?" Resposta: "Desacato". Pergunto novamente: "O que os senhores entendem como desacato?" Resposta: "Até a DP a gente inventa, se a gente te levar pra lá".Neste exato momento, percebendo a gravidade da situação, disse: Estou me identificando como juiz federal e minha identificação funcional está dentro da minha carteira, no bolso da bermuda. Imediatamente o policial novinho, que se identificou como André e na DP disse se chamar Cristiano meteu a mão no meu bolso, pegou a minha carteira e a colocou em um dos bolsos de sua farda preta. Então o impensável aconteceu! Disseram: "Juiz Federal é o c..., tu é malandro e vai para a caçapa do camburão."Fui atirado na mala do camburão como bandido, algemado, porém, com o celular no bolso e os três policiais do CORE da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro, dizendo que no máximo eu deveria ser "juiz arbitral ou de futebol". Temendo pela vida, por incrível que pareça me veio aquela frase de Dante, da sua obra "Divina Comédia": "Abandonai toda a esperança, vóis que entrais aqui".Então, sem perder as esperanças, peguei o celular do bolso mesmo algemado e liguei para a assessoria de segurança da Justiça Federal informando a situação, bem baixinho, e que não sabia se seria levado para DP, pedindo para acionar a PM e localizar a viatura do CORE que estava circulando pela Lapa comigo jogado algemado na mala.Após a ligação, disse-lhes uma única coisa, ainda na viatura. "Vocês estão cometendo crime", ao que escutei dos três, aos risos: "juiz federal andando com esse chapéu igual a malandro. Até parece. Se você for mesmo juiz, a gente vai chamar a imprensa, pois juiz não pode andar como malandro."
Na delegacia, as gracinhas dos policiais continuaram: "Olha o chapéu do malandro". Então eu disse, já me sentindo em segurança: "Vocês querem que eu tire o chapéu e vista terno e gravata?"O fato é que já na presença do delegado as algemas foram retiradas e, vinte minutos depois, um dos policiais de preto vem ao meu encontro e me pede: "Excelência, desculpas, nós agimos mal, podemos deixar por isso mesmo?"Respondi: "Primeiro. Não me chame de Excelência, pois até há pouco vocês me chamavam de malandro. Segundo. Não, não pode ficar por isso mesmo. Como é que vocês tratam assim as pessoas na rua, como se fossem bandidos. Terceiro. Vocês três não honram a farda que estão vestindo. Quarto. Desde a abordagem policial agi apenas como cidadão, no que fui desrespeitado e, depois de ter me identificado como juiz federal, fui mais ainda, logo, um crime de abuso de autoridade seguido de outro de desacato."Depois do circo montado pelo próprio agente do CORE Cristiano, que ligara do interior da DP para os repórteres, de forma incessante, talvez temendo que ele e seus dois colegas de farda preta fossem presos por mim no interior da DP, decidi não fazê-lo porque em nada prejudica a instauração de procedimento administrativo na Corregedoria da Policia Civil, bem como a ação penal por abuso de autoridade e desacato, sendo desnecessário mencionar o dano à minha pessoa, como cidadão e magistrado.Pensei, por fim: "Se como juiz federal fui ameaçado por três homens de fardas pretas com pistolas automáticas, algemado e jogado como um bandido na mala de um camburão, simplesmente por tê-los repreendido, de forma educada, como convém a qualquer pessoa de bem, o que aconteceria a um cidadão desprovido de autoridade e de conhecimento dos seus direitos?"Duas coisas são certas, de minha parte: Não permitirei nada "passar" em branco, pois são fatos sérios e graves que partiram daqueles que têm o dever de zelar pela segurança da sociedade e, no próximo carnaval, não usarei o presente da namorada, o tal "chapéu". É perigoso. Pode ser coisa de malandro.
Roberto Schuman - Cidadão e Juiz Federal no Estado do Rio de Janeiro"

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Os 25 anos de Thriller

Foi no começo de 1983 que a música pop conheceu um terremoto chamado Michael Jackson. Com "Thriller", Michael vendeu mais de 100 milhões de cópias e emplacou sete hits, entre eles os antológicos "Billie Jean", "Beat it" e, claro, a faixa que deu título ao álbum.
Mas "Thriller" não representou somente uma revolução sonora (com arranjos de Quincy Jones que faziam a parafernália tecnológica parecer sessões de orquestra) mas inovou com vídeos eletrizantes que mudaram a história da música pop. Com eles, Michael popularizou o seu passo "moonwalk" e entronizou o álbum que ficou 80 semanas no top 10 americano, 37 delas em primeiro lugar. Sete das nove faixas do álbum foram lançadas como singles e em 1984 Michael bateu mais um recorde ao receber 12 indicações para o Grammy, levando oito deles, sendo sete por "Thriller".
A vida pessoal atribulada de Michael não pode servir de desculpa para que uma mídia eminentemente racista tente minimizar a importância de "Thriller" para a música pop.
Com o advento da MP3 e da pirataria, o feito de "Thriller" jamais será batido.
Ave Michael, senhor do pop e de um feito imbatível.
"Thriller" está sendo relançado esta semana com a adição de clipes de "Beat it", "Billie Jean" e "Thriller", além de uma faixa inédita "For all time". É simplesmente imperdível.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mais de coisa nenhuma...

Foi inaugurada ontem a “Singapore Flyer”, que é a maior roda gigante do mundo e ultrapassou em 30 metros a recordista anterior, a “London Eye”, que fica em Londres. Mais de 700 convidados apreciaram a vista de Cingapura e partes da Malásia e Indonésia, por 6.277 dólares por compartimento. Mas esse recorde deve durar pouco tempo. Está sendo anunciada a “Grande Roda da China”, que terá 208 metros.

Ou seja, nada de coisa nenhuma.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Campeonato de conveniências

A rodada de ontem do Campeonato Carioca não apresentou surpresas. Em São Januário, o Vasco deu um passeio no Resende por 5 x 2. No Engenhão, o Botafogo passeou sobre o Mesquita fazendo um placar de 6 x 2. A única nota destoante foi a magra vitória do Flamengo (1 x 0) sobre o Macaé em pleno Maracanã, que os rubro-negros dizem ser a casa do time. No mesmo Maracanã, no dia anterior, o Fluminense deitou e rolou sobre o Volta Redonda fazendo 5 x 1 com Dodô fazendo seu primeiro gol com a camisa tricolor.
Este é o campeonato mais previsível dos últimos anos. Todos os jogos dos times grandes contra pequenos serão realizados em São Januário, Maracanã ou Engenhão. Como os grandes investiram na contratação de reforços e os pequenos continuam na mesma, os dirigentes encontraram uma fórmula infalível de garantir os quatro grandes nas finais.
A nota cômica do campeonato fica por conta do América, que perdeu os quatro jogos que disputou e já vai para o quarto treinador, estabelecendo um novo recorde na história do futebol.
Hoje, as semifinais da Taça Guanabara seriam Botafogo x Fluminense e Flamengo x Vasco. Tudo como os dirigentes queriam. Mas o comparecimento do público está longe do esperado.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Masdar

O dia 28 de janeiro pode ser um marco na história da humanidade.
Nesse dia aconteceu o anúncio da primeira cidade sustentável de que se tem conhecimento.
O nome escolhido foi Masdar — a fonte, em árabe — talvez porque ela será abastecida apenas
com energia renovável e estará totalmente livre de emissões de carbono e de desperdícios.
O projeto foi desenvolvido por arquitetos britânicos da Foster and Partners e bancado pela
árabe Masdar Initiative e resultou numa cidade localizada nos arredores de Abu Dhabi, toda
murada e construída em uma área de seis quilômetros quadrados, com capacidade para abrigar
50 mil habitantes e 1.500 estabelecimentos comerciais.
Masdar já é conhecida também como a cidade verde, porque vai abrigar a maior fonte de
energia fotoelétrica (conversão direta da energia solar em energia elétrica) do mundo, além
de ter 99% do seu lixo reciclado ou transformado em compostos.
Outra novidade é que o transporte público da cidade não terá carros. O planejamento urbano
prevê que nenhum pedestre terá que andar mais de 200 metros para ter acesso ao transporte público.
Para que se tenha uma idéia, a maioria das ruas da cidade terá apenas 3 metros de largura e 70 metros
de comprimento para facilitar a passagem do ar e incentivar a caminhada. Segundo a Foster and Partners,
Masdar promete estabelecer padrões para as cidades sustentáveis do futuro.
A previsão é de que os primeiros moradores se mudem para Masdar no início de 2009.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O Carnaval das camisinhas

O anúncio pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, de que o governo vai distribuir 19 milhões e 500 mil camisinhas durante o Carnaval mostra que falta continuidade e persistência no combate à Aids no Brasil.
Segundo dados do próprio governo, as estimativas são de que existam 600 mil infectados no País, mas só 200 mil pessoas estão em tratamento.
Diante desse quadro, é preciso que a campanha de prevenção à Aids no Brasil esteja diariamente na mídia e não ganhe notoriedade somente no Carnaval, com a distribuição de milhões de camisinhas.
A melhor vacina contra a Aids, até prova em contrário, é a dobradinha amor-fidelidade. Mas para quem só está "ficando", o melhor a fazer é usar a camisinha.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Desmatamento divide ministros

O anúncio de que o desmatamento da Amazônia aumentou dividiu os ministros Marina Silva, do Meio Ambiente, e Reinhold Stephanes, da Agricultura sobre a causa da devastação. Marina culpou as plantações de soja e a criação de gado, enquanto Stephanes defende criadores e cultivadores. Lula interveio e o governo enviará 780 homens da Polícia Federal, Força Nacional, Polícia Rodoviária, Ibama, Incra e Funai para combater o desmatamento.

70% dos ex-detentos voltam à prisão

O índice é alarmante e coloca em xeque o sistema carcerário brasileiro. De cada 10 detentos soltos, sete voltam ao sistema, segundo balanço divulgado ontem pelo Ministério da Justiça. Hoje, são 420 mil detentos para uma capacidade de apenas 262 mil, incluindo cadeias federais, estaduais, delegacias e manicômios judiciais. Desse total, 60% (aproximadamente 250 mil presos) têm menos de 30 anos.

Farra com o dinheiro do povo

Quadrilha envolvendo prefeitos, secretários e servidores teria desviado R$ 100 milhões de várias prefeituras através de licitações fraudulentas. Ontem, o Ministério Público cumpriu 28 mandatos de prisão e 60 de busca e apreensão. Segundo as denúncias, a base do esquema era a prefeitura de Magé, mas também estão envolvidas as prefeituras de Rio Bonito, Angra dos Reis, Japeri e Paraíba do Sul. Numa das gravações da Polícia, o empresário André Wertonge Teixeira diz: “Esse dinheiro não é de ninguém. É dinheiro público.” Erro do empresário, esse dinheiro é do povo!

A décima vítima

Foi confirmada ontem pelo Ministério da Saúde a 10ª morte provocada pela febre amarela em 2008. Desta vez, a vítima foi um rapaz que morreu em Uberlândia, Minas Gerais, mas que, como os outros mortos, teria contraído a doença em Goiás, onde duas pessoas foram presas acusadas de vender vacinas.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A indústria das multas

Com a instalação de mais 61 radares pela prefeitura do Rio, a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET-Rio) estima que isso vai gerar dois milhões de multas nos próximos cinco anos, dando uma arrecadação em torno de R$ 95 milhões.
O pior de tudo é que o fato foi divulgado pela grande imprensa sem nenhuma reflexão. Afinal de contas, a preocupação do "rei dos factóides" é a segurança dos motoristas ou, simplesmente, a arrecadação do município?
Por falar nisso, em que deu a CPI das multas da Câmara Municipal?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A "guerra" do IPTU

Mais um capítulo na queda de braço entre a população do Rio e o prefeito César Maia.
Enquanto cariocas descontentes organizam um movimento para que o IPTU seja pago somente após o período eleitoral, evitando sua utilização para fins políticos, o "rei dos factóides" reage espalhando 85 outdoors pela cidade incentivando a população a pagar o imposto em cota única.
Mas os descontentes com o descaso com que Maia trata a cidade não estão para brincadeiras
e já marcaram a próxima manifestação para sexta-feira, no Largo do Machado.

Cai mortalidade infantil no Brasil

O Brasil reduziu a mortalidade infantil entre 2005 e 2006 e passou do 86° (octogésimo sexto) para o 113º (centésimo, décimo terceiro) lugar num ranking de 194 países feito pelo Unicef que avalia o número de mortes de crianças menores de cinco anos. Apesar disto, o Brasil ainda tem 74 mil mortes nessa faixa etária anualmente.
Pelo visto, estamos no caminho certo, mas é fundamental que o processo seja acelerado e que seja garantido a todas as crianças a comemoração do seu primeiro ano de vida.

PMs saqueiam caminhão de cerveja

Pobre população carioca. Chamados para evitar o saque a um caminhão de cerveja no Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio, PMs trocaram tiros com bandidos do Morro do Amor, que fugiram. Mas por incrível que pareça, logo em seguida os PMs foram flagrados retirando caixas de cerveja e refrigerantes do veículo. Afinal, a quem a população pode apelar?

Trem-bala vai fazer ligação Rio-SP

Segundo o Governo, será de R$ 11 bilhões o investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o projeto que prevê a ligação Rio-SP através de um trem de alta velocidade (trem-bala) que percorrerá os 518 quilômetros em 1 hora e 25 minutos contra as 6 horas gastas hoje na ligação rodoviária.
A esse custo, resta saber o quanto o projeto contribuirá para a diminuição dos incontáveis congestionamentos diários no percurso Rio-SP. E, mais importante ainda, se o preço da passagem vai possibilitar sua utilização por toda a população ou se é mais um projeto elitista.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Despejo da tradição

Conhecido no Brasil e no mundo, o Cordão da Bola Preta foi despejado ontem de sua sede na Avenida 13 de Maio, no Centro do Rio. Segundo informações da imprensa, a dívida do bloco com condomínio e IPTU (acumulada desde 1998) chegava aos R$ 1,5 milhão. Apesar disso, o desfile do bloco nos dias 25 de janeiro e 2 de fevereiro está mantido, segundo o atual presidente do clube, Pedro Henrique Marinho.
O clube ocupava o lugar desde 1949.

Chances de qualificação no Rio

São 97 mil vagas em cursos profissionalizantes gratuitos segundo o governo do Estado do Rio, que serão ministrados nos Ceteps (Centros de Educação Tecnológica e Profissionalizante). As oportunidades são para vários cursos nas áreas de informática, idiomas, hotelaria, indústria, saúde, beleza, cultura, esportes e artes e acontecem em 35 cidades. As inscrições já estão abertas e vão até o dia 31 deste mês. Os interessados devem apresentar documentos de identidade, comprovante de residência e escolaridade e uma foto 3 x 4 recente. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 2299-1966 ou no site www.faetec.rj.gov.br.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Frota do Rio vai diminuir

Depois de 11 anos à frente da Prefeitura do Rio, finalmente César mais entendeu que o número de ônibus em circulação no Centro e Zona Sul é inviável. Ele promete reformular o modelo de exploração das linhas, acabando com a sobreposição de linhas que engarrafam estas regiões. Esse modelo já foi adotado em Belo Horizonte com sucesso.

Licença para matar

O governo do Estado do Rio de Janeiro defende a criação de lei que permita a agentes de saúde arrombar casas para eliminar focos do mosquito aedes aegypti e evitar a propagação da dengue e da febre amarela. No município do Rio, o índice de recusas chega a 40% e é agravado pelo medo da violência e também por imóveis abandonados. Na Tijuca, foram encontrados três focos na casa de um dentista que, segundo vizinhos, não aparecia no local há três anos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O toma lá, dá cá não termina

O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), percorreu ontem a Esplanada dos Ministérios tentando acertar com os demais ministros a nomeação para cargos federais nos Estados. Para defender o aumento dos impostos patrocinado pelo Governo para compensar a perda da CPMF, os aliados já avisaram que querem ver seus pedidos atendidos. Se não forem atendidos, os “aliados” ameaçam não aprovar o aumento dos impostos. Como se vê, o tradicional toma lá, dá cá continua. E de forma desavergonhada.

Caça ao spray de espuma

Tradicional centro de comércio do Rio, a Saara foi tomada ontem por fiscais da Vigilância Sanitária e vereadores da Comissão de Defesa do Consumidor, com o apoio da Polícia Militar com o objetivo de reprimir a venda de sprays de espuma, cujo uso está proibido. O incrível é que basta um passeio pelas ruas do Rio durante o Carnaval, para se sentir no ar o cheiro marcante de maconha sem que haja repressão. O spray de espuma foi proibido por iniciativa do vereador Sebastião Ferraz (PMDB) segundo o qual os produtos químicos utilizados na espuma são prejudiciais à saúde. Esse senhor não deve andar pelas ruas do Rio há muito tempo.

Racionamento? Só em 2009, se houver

A falta de chuvas deixou no nível mínimo de segurança os reservatórios das usinas hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste na quarta-feira. Especialistas alertam que a continuar assim aumentam as chances de racionamento em 2009. O nível atual dos reservatórios é de 44,8% quando o ideal seria de 68%.

Economia do Rio em alta

Boa notícia para o Rio de Janeiro. Ontem foram anunciados o fechamento de três importantes negócios em áreas-chave como mineração, tecnologia e moda. A MMX, de Eike Batista vendeu parte do negócio para a Anglo-American por US$ 5,5 bilhões e a grife Isabela Capeto vendeu 50% para a holding Inbrands do fundo PCP. A Symetrix investirá R$ 1 bilhão na Ilha do Fundão para fazer uma fábrica de semicondutores que são utilizados na produção de componentes eletrônicos.

A blindagem da fé

O bairro de Acari só aparece no noticiário devido à violência que tomou conta do bairro, mas, definitivamente, a coisa está ficando incontrolável. A Igreja Congregacional de Acari terá paredes de concreto, ferro e pedra. “Já contamos com a proteção divina e agora teremos paredão blindado em toda a lateral de 35 metros de comprimento”, diz o pastor Odalírio Luís da Costa, responsável pela igreja. Apesar do reforço, as paredes podem ser perfuradas por tiros de fuzil calibre 12. Por isso, é melhor continuar pedindo a proteção divina.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A sétima vítima

O Ministério da Saúde confirmou que até agora são 10 os casos de febre amarela em 2008, com sete mortes provocadas pela doença. Infelizmente, o número de mortes este ano já supera os de 2006 e 2007 somados. Mas segundo as autoridades não há motivo para alarmes e somente as pessoas com viagem marcada para as áreas de risco devem se vacinar. Segundo o Ministério, nenhuma das vítimas fatais havia se vacinado.

Lobão eletrificado

O ar em Brasília era de constrangimento. Mas o presidente Lula confirmou ontem o senador Edison Lobão (PMDB-MA) como o novo ministro de Minas e Energia. Lobão assume o cargo fragilizado pelas denúncias contra seu suplente, Edison Lobão Filho (DEM) que assumirá sua vaga no Senado. Lobão Filho é acusado, entre outras coisas, de ter usado uma empregada doméstica como laranja para ocultar do Fisco dívidas de uma distribuidora de bebidas da qual foi sócio.

O assassinato de Chávez

Em uma coisa Hugo Chávez é campeão. Diariamente ele fornece assunto para a imprensa, principalmente a sensacionalista. Ontem, Chávez denunciou um suposto plano para matá-lo, urdido, segundo ele, por militares da Colômbia e dos Estados Unidos, que seria do conhecimento do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. Sem apresentar provas da acusação, Chávez diz que o objetivo de seu assassinato seria o de deflagrar uma guerra entre Venezuela e Colômbia.

Motoristas aditivados

O Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) obteve liminar que permite a venda de bebidas alcoólicas nas lojas de conveniência (de quem?) dos postos de gasolina. A decisão surge na contramão da preocupação das autoridades com o aumento de acidentes com vítimas fatais nas estradas.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O adeus de Guga

Era somente mais uma coletiva de imprensa, mas Guga surpreendeu a todos anunciando que este ano deixa o circuito profissional de tênis. Com o adeus de Guga, o tênis brasileiro fica sem nenhum representante de peso demonstrando, mais uma vez, que o esporte no Brasil não tem merecido a devida atenção de autoridades e patrocinadores.
Exceções como Guga e Senna dão uma falsa impressão de que tênis e automobilismo têm alguma importância no Brasil. Depois de Senna, só decepções até agora. E depois de Guga? A continuar como está, o tênis no Brasil ficará na sombra, até que um novo fenômeno, como Guga, apareça.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

As fundamentais coisas simples

Não quero mais uma grande paixão, avassaladora...
Quero um amor que me dê paz, me acalme, me faça feliz...
Não quero mais lutar pelas causas impossíveis...
Quero sonhar um sonho plausível e descansar...
Fazer coisas triviais como se fossem excepcionais...
Tomar água de coco, andar de mãos dadas, beijar...
Ouvir Djavan, Sara Vaughan, Nina Simone e descansar
O fim de semana inteiro, sem culpas, deixar-me levar...
Tomar uma cervejinha, que ninguém é de ferro...
Falar besteiras, contar mentiras inofensivas...
Cometer burrices e rir delas sem temer o julgamento alheio...
E, se possível, reencontrar num dia de sol o menino que já fui.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Márcia, muito além daqui

As recentes discussões sobre o fim da CPMF, o aumento da CSSL e a crise no Quênia não fazem parte do mundo misterioso de Márcia. Aparentemente, ela tem uma fixação inexplicável pelo fogo. Faça sol ou faça frio, ela sempre está juntando folhas, restos de papel ou papelão e fazendo uma fogueira de significado sutilmente indecifrável.
Praticamente invisível, Márcia só é notada quando aborda algum passante pedindo um cigarro. A concessão ou recusa não provocam qualquer mudança em sua fisionomia. Quando atendida, ela acende automaticamente o cigarro e sai dando suas baforadas até encontrar um lugar onde fica de cócoras por horas e horas, quase imóvel, a não ser pelos repetidos gestos de levar o cigarro obtido com algum passante até a boca.
Faça frio ou calor, Márcia sempre está vestida com um shortinho de menino e uma camiseta. E dia após dia repete a rotina do invisível ser que só é notado quando pede um cigarro a alguém. Até hoje não sei se Márcia come, onde come e quem lhe fornece comida. Às vezes, num rompante, ela dispara uma série de grunhidos inintelegíveis falando sabe-se lá com quem.
Em diversas ocasiões tentei encontrar o olhar de Márcia, mas ela tem uma incrível habilidade em evitar o olhar de quem quer que seja. Ela mira, sempre, o horizonte.
Até que um dia Márcia foi tomada de um rompante de violência e saiu danificando os carros estacionados na rua. Quebrou o retrovisor de um. Amassou a lataria de outro. Arranhou a pintura de um zerinho. Foi um escarcéu porque ninguém sabia o que fazer, até porque Márcia já fazia parte do inconsciente de todos nós. Ela estava lá. Quase invisível mas estava lá. Até que alguém conseguiu interná-la numa instituição onde ficou por meses.
Perto do Natal, Márcia voltou. E permanece a mesma. Parada por horas, abordando os passantes à procura de um cigarro e, felizmente, sem rompantes de violência.
No Natal, resolvi tentar me aproximar de Márcia. Coloquei duas rabanadas deliciosas num pratinho e entreguei-o a Márcia (não ousei incluir um garfo ou colher). Ela aceitou-o, virou-me as costas e foi pro seu cantinho. Esperei um tempo, depois desisti e fui pra casa.
Dias depois, passei e lá estava Márcia. Ela só me pediu cigarro uma vez e nunca mais me abordou. Mas nesse dia, se aproximou de mim, com o pratinho que eu lhe entregara vazio em uma das mãos e um galho de uma planta desconhecida na outra. Entregou-me o galho e se foi.
Todo dia quando passo, vejo que Márcia mantém o prato que lhe dei como um troféu, mas nunca mais me abordou. Ela continua lá cumprindo a sua rotina de nos mostrar que somos quase nada sem a nossa consciência humana de solidariedade e convivência em sociedade. Sem objetivos. Querendo, como Márcia, apenas uma coisa. Alguns, dinheiro. Outros, sexo. Outros, ainda, poder. Mas, felizmente, a grande maioria ainda quer viver. Em toda sua amplitude. Superando os maus momentos. E usufruindo dos bons. Mas, principalmente, interagindo com os seres à nossa volta. Procurando uma convivência que dê sentido às nossas vidas.

Arquivo do blog

O guardião do espaço...

O guardião do espaço...
No meu local de trabalho num dos raros momentos de calmaria. O clik é do companheiro Claudionor Santana

Quem sou eu

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Jornalista e escritor, com passagens por jornais como Última Hora, Jornal do Commercio, O Dia e O Globo, atualmente sou Assessor de Comunicação do Sintergia (Sindicato que representa os trabalhadores do Setor Elétrico do Rio de Janeiro).