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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Futebol: paixões e contradições


O Brasil vive uma grande contradição em relação ao futebol.

Aqui são gestados os maiores jogadores do mundo. Vendidos para o exterior (principalmente o mercado europeu) estes jogadores recebem salários milionários e alcançam rapidamente a tão sonhada independência financeira. Ao mesmo tempo, o valor de seus passes (que custam migalhas aos clubes europeus) chegam a cifras astronômicas, enquanto os clubes em que foram revelados passam por necessidades financeiras.

Há casos de jogadores brasileiros que só passam a ser conhecidos da torcida tupiniquim pelas transmissões dos biliardários campeonatos italiano, espanhol e inglês.

Já por aqui, os clubes encontram dificuldades para pagar os salários de seus jogadores e o Campeonato Brasileiro (cópia da fórmula do futebol europeu) fica esvaziado rapidamente, porque são quase sempre os mesmos clubes que têm condições de disputar o título. Para justificar o "interesse" pelo campeonato, a imprensa "valoriza" a disputa entre os clubes que podem ser rebaixados para a Segunda Divisão.

Diante da apatia das entidades esportivas responsáveis e do próprio governo, nossos craques são vendidos cada vez mais jovens. Atualmente, a imprensa noticia constantemente a venda de meninos de 16 ou 14 anos sem que ninguém se importe com isso.

Eu antevejo o dia em que uma seleção estrangeira será formada somente por craques brasileiros (isso aconteceu recentemente no campeonato mundial de futsal), pois é cada vez mais constante a naturalização de craques para abrir mercado (há campeonatos em que são estabelecidas cotas de estrangeiros e ao se naturalizar o jogador abre vaga para mais um estrangeiro).

Mas o pior de tudo é a falta de identidade entre a torcida e a nossa seleção, porque no futebol brasileiro a base de tudo ainda é o clube.

Antigamente, a seleção era formada por jogadores do Botafogo, Flamengo, Santos, Palmeiras etc. Hoje, nossos craques vêm do Milan, Real Madrid, Barcelona, Inter de Milão e outros clubes estrangeiros de menor expressão.

Pois é. Diante desse quadro não espanta que as grandes estrelas do atual Campeonato Brasileiro sejam os árbitros. Estes senhores são onipotentes dentro das quatro linhas e têm decidido várias partidas em substituição aos verdadeiros craques, que estão atuando nos campeonatos estrangeiros.

Os erros de arbitragem foram fundamentais para que o quadro de colocações do campeonato brasileiro tivesse o perfil atual e resta aos próprios torcedores rir da desgraça alheia, esquecendo que amanhã a vítima pode ser o seu time.

Diante da apatia geral, os grandes mandatários em terras tupiniquins são os empresários de jogadores. Eles ditam as regras, comandam o espetáculo, são os donos dos passes dos jogadores e determinam a derrocada dos clubes.

Ou seja. Nossos craques estão no exterior. Os poucos que estão aqui têm os passes presos a empresários. Os clubes estão à míngua. Os jogos da nossa seleção já não atraem a torcida como antes. E o país que tem os melhores jogadores do mundo tem um futebol pobre técnica e financeiramente.

A única coisa que impede que o futebol brasileiro seja apenas business é a paixão imorredoura da torcida, mas até os torcedores andam desanimados com o quadro atual, como provam as baixas rendas e o pouco comparecimento aos estádios. Só não se sabe até quando.

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O guardião do espaço...

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No meu local de trabalho num dos raros momentos de calmaria. O clik é do companheiro Claudionor Santana

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Jornalista e escritor, com passagens por jornais como Última Hora, Jornal do Commercio, O Dia e O Globo, atualmente sou Assessor de Comunicação do Sintergia (Sindicato que representa os trabalhadores do Setor Elétrico do Rio de Janeiro).