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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A realidade não permite lembranças


Os canais de TV no Brasil são concessão pública. Por isso mesmo não dá pra entender que um programa em horário nobre seja entregue a pessoas sem nenhum compromisso com nossa história, nossos ideais e, ainda mais, com o futuro de nossos filhos.
Dói acionar o controle remoto e ver aqui uma "senhora" entrevistando prostitutas, travestis e donos de inferninho. Ali, programas "religiosos" anunciando a salvação a preços módicos. E acolá novelas sem nenhum sentido, onde as pessoas mudam de caráter como quem troca de roupa.
Ouvir rádio (também concessão pública) nem pensar. A lavagem cerebral combinada consiste na repetição das mesmas músicas e nos gritos histéricos, palavrões e erros gramaticais dos apresentadores. Parece que são as mesmas estações em sintonias diferentes.
Decido ir a uma locadora e descubro que a mesma foi fechada há tempos, vitimada pela enxurrada de DVD's piratas a preços módicos. Por ironia, em frente à outrora locadora está postada uma banca oferecendo CD's e DVD's piratas em que a grande maioria é de filmes pornô, pagodeiros, música sertaneja (na realidade boleros eletrificados e cantados à moda country americana), filmes de ação onde os americanos fazem propaganda indireta de sua indústria armamentista e os famigerados "pancadões".
Desisto, volto pra casa e ligo o som, percorro minha estante e vejo os CD's de Cartola, João Gilberto, Leny Andrade e Djavan, entre outros e nem ouso passar os olhos pela minha coleção de jazz. Seria demais!
A realidade não permite lembranças. E coloco o último CD de Djavan, "Matizes", produção independente porque nas gravadoras de hoje não há mais lugar para trabalhos de qualidade. Nestas gravadoras imperam os pancadões, pagodes e sertanejos descartáveis.
As músicas de "Matizes" não tocam nas rádios porque Djavan, certamente, não está pagando o "jabá" pago pelas gravadoras, mas como consolo termino a noite ao som dos acordes geniais de um negro que resistiu à tentativa dos "donos" da mídia e não permitiu que o rotulassem de "sambista". Sim, Djavan é mais que isso. É um cantor, compositor e instrumentista genial que ainda se permite sonhar.
Pode até ser bobagem, mas dormi com a sensação de que ainda vale a pena resistir a isso que está aí e ainda acreditando que tudo pode mudar.

Um comentário:

Leiaviana disse...

É Agrícola vivemos tempos difíceis!
Também me sinto assim às vezes, parece que nada mais é original, tudo cópia da cópia, um repeteco só por puro dinhiero fácil, não sei como as pessoas conseguem viver em um mundo de forma tão alienada. Não sei.

O guardião do espaço...

O guardião do espaço...
No meu local de trabalho num dos raros momentos de calmaria. O clik é do companheiro Claudionor Santana

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Jornalista e escritor, com passagens por jornais como Última Hora, Jornal do Commercio, O Dia e O Globo, atualmente sou Assessor de Comunicação do Sintergia (Sindicato que representa os trabalhadores do Setor Elétrico do Rio de Janeiro).