Mesmo assim, a cada gol correspondia uma explosão de alegria como se estivessem em pleno Maracanã lotado, em dia de clássico.
Mas o que mais espantava era a paixão que movia cada movimento, cada passe, cada cabeçada, cada chute, cada defesa e cada erro. Ora esbravejavam, ora aplaudiam, pediam a bola, exigiam o passe e disputavam cada saída de bola (porque não havia árbitro) como se fosse a última e tudo era decidido rapidamente (ao contrário do STF e do Congresso).
De repente, uma dividida entre Pintinho e Cabeção parou a pelada. O impacto foi tão forte que o ruído produzido parecia o de uma batida de automóvel.
Franzino, Pintinho ficou estirado no chão, rodeado por peladeiros, curiosos e palpiteiros. "Quebrou", dizia um. "Que nada, é manha", dizia outro. "Pára de sacanagem que o negócio foi sério", disse um preocupado Cabeção.
Mas de repente, Pintinho levantou-se de um salto, apoderou-se da bola que ficara esquecida no meio de campo e mandou para as redes, gritando gol a plenos pulmões e com um sorriso contagiante que contrastava com a cara de poucos amigos de Cabeção.
Revoltado com a "cena" de Pintinho, Cabeção tentou partir pra ignorância, mas foi contido pela turma que, às gargalhadas, dava cascudos, uns, e afagavam, outros, o sorridente Pintinho.
Tanta alegria, tanto empenho, tanto amor mesmo num campo em péssimo estado só pode ser entendido por quem foi inoculado por essa paixão indescritível do povo brasileiro pelo futebol.
E vivam os Pintinhos e Cabeções dos campos de pelada, que fazem do desorganizado futebol brasileiro o melhor do mundo.
Um comentário:
Muito bom. Desconhecia esse blog e agora esterei sempre visitando porque tem muita informação. Parabéns!!
Menin@
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